Labirintos de morte: como exércitos mundiais combatem guerrilheiros subterrâneos (FOTOS)

Dezenas de quilômetros de túneis escavados à mão, incluindo armazéns de munições, hospitais e estados-maiores, são usados pelas unidades armadas ilegais. Alguns deles estão a tal profundidade que suportam o impacto direto de bombas aéreas. Conheça os maiores complexos subterrâneos do século XX.
Sputnik

Ataque contra túneis

No início de dezembro os israelenses anunciaram o começo da operação Escudo do Norte. O seu alvo é a liquidação de uma rede ramificada de passagens subterrâneas transfronteiriças, escavadas pelo movimento libanês Hezbollah e supostamente usadas para passar militantes para Israel.

Os túneis entram pelo território israelense a distâncias que variam entre dezenas de metros e vários quilômetros. Segundo o ex-ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, as novas capacidades tecnológicas do país permitem nos próximos meses acabar com a ameaça dos túneis.

Túneis usados para contrabando na Faixa de Gaza

Em 2015, Israel já havia realizado a campanha militar Margem Protetora contra a Faixa de Gaza com o objetivo de destruir a infraestrutura do movimento Hamas, destruindo cerca de 30 túneis e até efetuando uma operação terrestre na região, que resultou na morte de 2.100 palestinos e mais de 70 israelenses.

Os túneis são considerados a arma mais perigosa dos militantes na Faixa de Gaza. Não é apenas um modo de travar a guerra, estas passagens eletrificadas entre a Faixa de Gaza e o Egito permitem transportar pessoas, combustível, comida, automóveis, criando a assim chamada "economia de túneis", ou economia subterrânea.

Guerreiros subterrâneos

Os terroristas usam amplamente a tática de "guerra subterrânea" contra as tropas governamentais da Síria. O exército detecta e destrói regularmente tais passagens subterrâneas, usadas pelos militantes para se protegerem dos ataques aéreos, se deslocarem entre as regiões e povoados, fazer fogo contra as unidades militares e depois se esconder. Em tais construções há frequentemente armazéns e oficinas de produção de armas e explosivos, hospitais e prisões para reféns.

O mais importante é detectar a entrada do túnel, camuflada em regra dentro de algum edifício. Sendo um método eficaz de travar a guerra, os militantes não deixam de escavar túneis, apesar dos frequentes desmoronamentos de terra. A maioria deles foi escavada à mão, mas às vezes são usados equipamentos especiais.

Soldado do Exército sírio

Há "cidades" subterrâneas inteiras em quase todas as regiões da Síria. Por exemplo, a extensão destas passagens em apenas um dos arredores de Damasco atingia 50 quilômetros.

Poço sem água

Os soldados soviéticos já tinham enfrentado estes "guerrilheiros subterrâneos" no Afeganistão. Os mujahidin usavam uma espécie de poços de vários níveis, anteriormente destinados a transportar a água subterrânea para os povoados. Os militares soviéticos aprenderam bastante rapidamente a detectar e destruir tais poços onde os guerrilheiros se escondiam, usando explosivos.

Mujahidin no Afeganistão

O maior refúgio subterrâneo dos militantes afegãos é o conjunto de cavernas de Tora Bora, no leste do Afeganistão. Localizado a uma altitude de 4.000 metros e a uma profundidade de até 400 metros, Tora Bora é um sistema de cavernas e túneis com armazéns de armas e munições, bunkers e áreas habitáveis. As tropas soviéticas atacaram várias vezes essa base, no entanto, depois da guerra, os terroristas estabeleceram-se lá de novo.

Reis subterrâneos

Mais experientes na guerra de túneis são os vietnamitas, segundo mostra a história do século XX. Durante a guerra colonial com a França eles construíram grandes instalações debaixo da terra, na sua maioria à mão, usando enxadas, pás e cestas.

Depois da entrada das tropas dos EUA no país, os túneis foram aperfeiçoados e ampliados, tornando-se praticamente a principal dor de cabeça dos norte-americanos. Centenas de soldados morreram por causa dos combatentes vietnamitas que faziam fogo e desapareciam debaixo da terra.

Em 1966, os norte-americanos criaram destacamentos especiais para lutar contra os guerrilheiros subterrâneos. Esses destacamentos, chamados de "ratazanas de túneis", minavam e destruíam os labirintos por dentro.

As operações eram tão perigosas que nelas participaram apenas voluntários. Além disso, as entradas nos túneis eram muito pequenas, adaptadas para guerrilheiros vietnamitas, e um americano médio não conseguia entrar, por isso os destacamentos especiais eram formados pelos soldados mais pequenos.

Soldado norte-americano entra em túnel durante a Guerra do Vietnã

Os vietnamitas criaram armadilhas refinadas para as "ratazanas de túneis", jogando granadas contra eles, envenenando-os com cobras e escorpiões e afogando-os. Em média, 50 por cento dos americanos que desciam a estes túneis não voltavam.

Os destacamentos especiais não conseguiram destruir a infraestrutura subterrânea dos guerrilheiros e os americanos começaram a usar bombardeios massivos. A região mais escavada por túneis acabou por ser destruída na sequência destes ataques aéreos.

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