Israel vê a disseminação da influência de Teerã na região como uma ameaça crescente e realizou inúmeros ataques aéreos na Síria, país devastado pela guerra civil, contra supostos desdobramentos militares e entrega de armas por parte das forças iranianas que apoiavam Damasco.
O Iraque, que não tem fronteira com Israel, é tecnicamente seu inimigo, mas foi a última ameaça aberta na Guerra do Golfo de 1991. Desde que uma invasão liderada pelos EUA em 2003 derrubou o ditador iraquiano Saddam Hussein, um muçulmano sunita, Israel teme que a maioria xiita do Iraque possa se inclinar para o Irã.
"O Iraque está sob crescente influência da [unidade secreta de operações estrangeiras iranianas] Qods Force e do Irã", afirmou o chefe da inteligência militar, major-general Tamir Hayman, em uma conferência em Tel Aviv.
Com o presidente dos EUA, Donald Trump, se separando da região, os iranianos podem "ver o Iraque como um teatro conveniente para o entrincheiramento, semelhante ao que fizeram na Síria, e usá-lo como uma plataforma para uma força que poderia também ameaçar o Estado de Israel".
O primeiro-ministro do Iraque disse no domingo que oficiais de segurança de Bagdá se encontraram com o presidente sírio, Bashar Assad, em Damasco, e insinuaram um maior papel do Iraque combatendo militantes do Daesh quando as tropas dos EUA se retirarem.
Citando fontes iranianas, iraquianas e ocidentais, a Agência Reuters informou em agosto que o Irã havia transferido mísseis balísticos de curto alcance para aliados xiitas no Iraque. Bagdá negou as descobertas.
Na semana seguinte, Israel disse que poderia atacar esses locais no Iraque, expandindo efetivamente uma campanha agora voltada para a Síria.
Hayman previu que 2019 traria "mudanças significativas" para a Síria, onde Assad derrotou rebeldes com a ajuda dos reforços da Rússia, do Irã e do Hezbollah, e onde Trump, este mês, ordenou a retirada das tropas norte-americanas.
"Essa presença do Irã, com o retorno da Síria à estabilização sob um guarda-chuva russo, é algo que estamos observando de perto", prosseguiu Hayman.
Israel também vem monitorando a conduta iraniana desde que Trump deixou o acordo nuclear de 2015 com Teerã, em maio, e voltou a impor sanções aos EUA. O acordo limitou os projetos nucleares com o potencial de fabricação de bombas, embora o Irã tenha negado tais projetos. Trump, com apoio israelense, considerou os limites insuficientes.
"Avaliamos que o Irã se esforçará para permanecer dentro do acordo, mas fará tudo para encontrar maneiras de contornar as sanções americanas", pontuou Hayman.