Taiwan manda recado pra Xi: 'Nunca aceitaremos a política de um país dois sistemas'

Em resposta ao discurso do presidente chinês, Xi Jinping que reiterou que a China "não prometerá renunciar ao uso da força" para eventualmente unificar os dois lados do Estreito de Taiwan, a presidente Tsai Ing-Wen afirmou que Taiwan "nunca aceitará o conceito de 'um país, dois sistemas'.
Sputnik

Tsai falou durante pronunciamento no escritório presidencial de Taiwan em Taipé nesta quarta-feira, depois que Xi discursou no Grande Salão do Povo de Pequim para comemorar o 40º aniversário da "Mensagem aos Compatriotas em Taiwan", um documento publicado no dia em que os EUA e a China estabeleceram relações diplomáticas formais e propuseram o diálogo e o intercâmbio entre os dois países ao invés do confronto militar. Washington e Pequim estabeleceram laços somente depois que os EUA romperam seus laços formais com Taiwan. Até hoje, os EUA não têm embaixada oficial em Taipei e o Instituto Americano não oficial de Taiwan presta serviços consulares.

China não descarta uso de força em caso de interferência externa na questão de Taiwan
Apesar de Xi insistir que "é um fato legal que ambos os lados do Estreito pertençam a uma China, e não possam ser modificados por ninguém ou qualquer força", seu discurso foi em certa medida conciliatório, exigindo discussão e aumento da cooperação econômica.

Tsai, no entanto, não ficou comovida. "A maioria dos taiwaneses se opõe firmemente ao conceito [de um país, dois sistemas]. Esse é o "consenso de Taiwan ", disse ela, segundo o jornal Taipei Times.

Muito atrito vem da ideia de "consenso" nos assuntos de Taiwan-China — o governo de Tsai resistiu a décadas recusando-se a ratificar o chamado "Consenso de 1992", um acordo entre a China e o Partido Nacionalista Chinês (KMT) de Taiwan. Tsai é membro do Partido Democrático Progressista.

Tsai também criticou Xi por convidar partidos políticos e outros grupos e indivíduos em Taiwan para discutir questões através do Estreito, dizendo que as negociações entre a China e Taiwan devem ser feitas de governo a governo, como entre dois Estados iguais. A China continental deve reconhecer a existência da República da China (nome formal de Taiwan), negociar com seu governo e respeitar a democracia que seu povo criou, disse ela.

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