Em entrevista à Sputnik, Marie-Noëlle Koyara falou sobre a atividade do centro de formação militar de Bérengo, permanecendo evasiva quanto às perspectivas de criação de uma base russa no país, afirmando que o acordo "deve evoluir".
A ministra qualificou como "especulações" os rumores segundo os quais o centro de instrução de Bérengo tem funcionado como uma base militar russa, explicando que os instrutores russos que lá estão ajudam a treinar soldados centro-africanos.
O diretor do Centro Analítico dos Problemas Sociais de Segurança Nacional e coronel aposentado, Aleksandr Zhilin, comentou esse assunto ao serviço russo da Rádio Sputnik.
"A Rússia está interessada em promover a cooperação com os países da África. Podemos fornecer equipamento militar moderno a esses países e garantir, de fato, a inviolabilidade das suas fronteiras se forem atingidos acordos sobre fornecimento dos nossos sistemas de defesa antiaérea e assim por diante. É possível dizer que foi dado início ao fortalecimento da influência russa na região", comentou o analista, sublinhando que hoje a Rússia deve "acompanhar as tendências de política externa para não ficar fora".
"Quanto à cooperação militar, em geral se trata da cooperação com o Norte da África […] Mas os eventos do último ano, especialmente os ligados à intensificação das ações russas na República Centro-Africana, e o fato de que a nossa cooperação tem caráter oficial através dos ministérios da Defesa, ao nível mais alto os chefes de Estado acordaram a cooperação mutuamente vantajosa. Mais um passo lógico poderia ser a instalação de uma base no território da República Centro-Africana", explicou o analista.
Para Zdanevich atualmente a questão principal da cooperação entre os dois países é a estabilização da situação na República Centro-Africana.
Em agosto de 2018, a Rússia e a República Centro-Africana assinaram um acordo intergovernamental de cooperação militar, na sequência do qual foi estabelecido um centro de formação em Bérengo, onde os soldados são treinados por instrutores russos a manusear armas e a dominar técnicas de combate.
Em agosto do ano passado, em Cartum, capital do Sudão, foi realizada uma reunião entre os maiores grupos armados da República Centro-Africana, o Anti-Balaka e o Seleka, onde foi decidida a criação da União Centro-Africana, uma plataforma conjunta para consultas e ações para alcançar a paz no país. A declaração também apela às autoridades do país para começarem a trabalhar na reconciliação, com assistência da Rússia, da União Europeia e das organizações regionais e internacionais.