Por que Banco Central russo está reduzindo drasticamente suas reservas em dólares?

Em 2018 a Rússia reduziu para menos de metade a cota-parte do dólar nas suas reservas internacionais. O Banco Central russo aposta agora no ouro, euro e yuan chinês. A Sputnik revela por que Moscou decidiu abandonar a moeda dos EUA e optar por outros ativos.
Sputnik

Segundo os dados do Banco Central da Rússia, a cota-parte do dólar nas reservas internacionais dos EUA foi reduzida de 46% para cerca de 22%, enquanto a do euro e do yuan aumentaram de 25,1% para 32% e de 0,1% a 14,7 respetivamente. O ouro constitui 16,7% das reservas internacionais russas.

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Simultaneamente, o regulador aumentou a participação de várias outras moedas de 12,4% para 14,7%, incluindo libras do Reino Unido, o iene japonês, dólares canadenses e australianos, bem como francos suíços.

O processo da redução da cota-parte do dólar nas reservas russas foi lançado ativamente em abril de 2018, quando os EUA introduziram duras sanções contra as empresas russas. Em 2018 o Banco Central da Rússia vendeu quase todos os títulos do Tesouro dos EUA. 

Atualmente, o Congresso dos EUA está prestes a aprovar um novo pacote de sanções contra a Rússia, que incluem a possível proibição de uso do dólar pelos bancos russos e o congelamento de suas contas correspondentes.

"Então, por que o Banco Central deveria ter suas reservas em uma moeda que não poderia ser usada nos pagamentos?", comentou à Sputnik o analista financeiro Timur Nigmatulin da corretora russa Otkrytie Brocker.

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Além disso, como qualquer outro banco central, a Banco da Rússia analisa o volume de comércio do país com outros Estados para formar suas reservas.

"Quase não temos comércio com os EUA, ao contrário da Europa e da China. Por isso, é necessário ter um volume de reservas de moeda europeia e chinesa comparável ao volume do comércio com esses países para apoiar o comércio exterior", explicou Aleksandr Razuvaev, chefe do departamento analítico da corretora russa Alpari.

Um outro fator de risco importante para a redução das reservas em dólares é o possível colapso do mercado de valores dos EUA, que pode levar a uma crise comparável à crise financeira global de 2008.

Na época da última crise financeira global, o então presidente Barack Obama e a Fed (banco central dos EUA) imprimiram muito dinheiro e salvaram a economia global. Isso não significa que o presidente atual Donald Trump fará o mesmo desta vez. Nesse caso, o mundo poderia desintegrar-se em várias zonas cambiais, uma delas poderia ser a zona do yuan.

Quanto ao ouro, é um instrumento para salvaguardar investimentos e diversificar riscos. Se o sistema financeiro baseado no dólar colapsar, o ouro não se desvalorizará. Tendo uma função de meio de pagamento no comércio internacional, esse ativo reduz a dependência de qualquer moeda.

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