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'Princípio de retração mundial': restrição da UE ao aço do Brasil reflete tensão EUA-China

Sob pressão da guerra comercial de Estados Unidos e China, a União Europeia está prestes a votar medida de restrições ao aço de diversos países, incluindo o brasileiro. A Sputnik Brasil ouviu José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que explicou quais as consequências globais e locais da medida.
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As possíveis restrições serão votadas na quarta-feira (16) e passariam a valer no dia 2 de fevereiro. As restrições econômicas seriam impostas a 28 produtos, dos quais sete afetam as exportações brasileiras.

"Toda restrição é uma forma de você fazer com que o comércio tenha retração mundial. Para o Brasil, claro que não é boa notícia, ainda mais que foi pego de surpresa, porque ninguém nesse momento estava imaginando que tivesse uma reunião por conta da União Europeia — ainda que a União Europeia não tenha um peso muito grande nas exportações brasileiras", aponta, em entrevista à Sputnik Brasil, o presidente da AEB, alertando que a medida pode abrir caminho para cortes em outros produtos.

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Há divergências entre setores europeus sobre a aplicação das restrições e medo em relação a um possível encarecimento do aço no continente. Porém, há também setores poderosos da indústria que fortalecem a aprovação da medida.

Em 2017, 18,1% das exportações brasileiras de aço foram para a Europa. As restrições econômicas que podem ser impostas ao aço brasileiro focam em produtos manufaturados, ou seja, que geram mais empregos e mais cifras, conforme lembra o o presidente da AEB. Porém, a maior parte das exportações brasileiras para a Europa no setor é de produtos semiacabados.

"O impacto dessa medida para o Brasil não é tão forte porque o que o Brasil tem vendido para lá tem atendido à cota, que é concedida ao Brasil. E essa redução vai ser pequena, não é uma redução grande como no caso dos Estados Unidos. O aço brasileiro destinado à União Europeia tem uma participação em torno de 15%, que é relativamente pequena. Mas é mais um atraso ao comércio internacional, que é isso que a gente quer evitar", ressalta.

O agravante da competição entre China e EUA

Um dos principais países que serão afetados pela restrição europeia é a China, que domina o mercado do aço mundial. Além de Brasil e China, também serão afetados Índia, Rússia, Coreia do Sul e Ucrânia.

União Europeia pode aplicar restrições ao aço brasileiro
"A China é o grande produtor mundial [de aço]. Tem um excedente de produção em torno de 500 milhões de toneladas e tem preço para colocar o aço em qualquer país do mundo. O Brasil, por ser um país aberto, acaba aceitando e comprando o aço chinês", afirma.

Segundo o especialista do setor, a produção brasileira gira em torno de 30 milhões de toneladas de aço anualmente, um número inferior à produção chinesa, que seria a maior afetada pela medida do bloco europeu. No entanto, o que mais preocupa é o reflexo que a imposição de restrições pelo bloco pode causar no comércio global.

União Europeia joga peso de desaceleração econômica sobre outros países

"A atividade econômica na União Europeia está reduzindo pouco a pouco. Então eu diria que foi uma forma preventiva de que a retração econômica na União Europeia como um todo, tenha consequências mais graves", alerta Castro.

O presidente da AEB se mostra preocupado com uma possível retração econômica mundial, sinalizada e reforçada pela possível adoção de restrições por parte do bloco. Conforme disse Castro, as consequências desaceleração econômica no continentes estão sendo repassadas a outros países através da medida, de certa forma, preventiva.

"Só que essas consequências ela [a União Europeia] indiretamente transfere para outros países. Então se os terceiros países vão exportar menos, também vão importar menos. Então no fundo pode estar indiretamente alimentando uma retração mundial. É o princípio de uma retração mundial", explica o especialista.

José Augusto de Castro pontua ainda que essa é uma medida ligada à queda da atividade econômica nos países europeus. Ele acredita que o fato de o bloco econômico europeu ser ainda influente, deve irradiar para o mundo uma tendência que pode se traduzir em novas restrições econômicas vindas de outros países.

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