De acordo com a estimativa do Serviço de proteção ao crédito (SPC Brasil), cerca de 62,6 milhões de brasileiros terminaram 2018 com alguma conta atrasada e com o CPF negativado. O número de pessoas com dívidas em atraso subiu 4,41% no ano passado.
Já as dívidas bancárias, que incluem cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos, ficaram em segundo lugar, com alta de 6,81%.
O que justifica o crescimento no número de brasileiros endividados? O que podemos fazer para reverter esse cenário em 2019?
Segundo Marcela Kawauti, economista do SPC Brasil, o "orçamento do brasileiro continua muito apertado", mesmo com o início da recuperação econômica em 2018.
Em conversa com Sputnik Brasil, a especialista explicou que o crescimento, ainda em fase inicial, "não colocou dinheiro no bolso do trabalhador".
"A isso se soma a falta de educação financeira do brasileiro", advertiu Kawauti.
"De fato, aconteceu uma restrição ao crédito. As pessoas tomaram menos crédito. Agora aquele tipo de crédito pior, que é o cartão de crédito e cheque especial, continua muito presente na vida do brasileiro", acrescentou ela.
A especialista alertou que esse tipo de crédito é caro e, por outro lado, fácil de ser adquirido. Por isso o consumidor acaba recorrendo a esses empréstimos e, ao não conseguir pagar os juros, a dívida se transforma em uma "bola de neve".
A economista também notou que o endividamento da população, a longo prazo, é prejudicial para a retomada do crescimento da economia e para o comércio. O consumidor "vai precisar pagar primeiro as contas em atraso para depois voltar a consumir", afirmou.
A interlocutora da Sputnik, no entanto, manifestou otimismo para o ano de 2019.
"As expectativas para este ano são melhores, do que tínhamos para o ano passado. Já temos uma definição eleitoral, e isso é muito importante. E como qualquer governo eleito começa com uma espécie de lua de mel para aprovação de reformas, implementação de medidas macroeconômicas positivas, a gente deve ver sim as reformas sendo aprovadas ao longo desse ano e isso deve ter um impacto muito positivo na economia", afirmou a economista.
De todo modo, a cautela ainda é necessária, destacou a entrevistada.
"Apesar desse ano ser de recuperação econômica, ainda é um ano para se tomar cuidado com parcelamento de compras. Então tentem sempre pagar a vista, porque vamos crescer, mas a recuperação será lenta. Por isso o cuidado com as finanças deve continuar", avisou.