França deveria receber sanções da UE pela 'colonização continuada' da África, diz Di Maio

O vice-primeiro-ministro da Itália, Luigi Di Maio, culpou a França pela crise dos migrantes europeus, acusando-a de empobrecer as nações africanas com políticas "colonialistas". Ele prometeu levar a questão para a União Europeia (UE) e outros organismos internacionais.
Sputnik

Di Maio, também líder do movimento anti-establishment Cinco Estrelas, lançou um ataque contundente à França, que ele argumentou ser responsável pelas causas inerentes da atual crise migratória nas fronteiras da UE.

Di Maio falava em uma manifestação no domingo, quando abordou recentes afogamentos em massa de migrantes no Mediterrâneo. Acredita-se que até 170 migrantes que deixaram a Líbia e o Marrocos em botes caindo aos pedaços podem ter se afogado no mar na semana passada. Três migrantes foram salvos pela marinha italiana na sexta-feira, ao custo de Lampedusa.

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Os sobreviventes disseram que faziam parte de um grupo de 120 pessoas que partiram da Líbia na quinta-feira. O barco deles começou a afundar depois que eles ficaram no mar por cerca de 10 horas. As vítimas, segundo organizações de migrantes, incluem uma criança de dois meses e pelo menos 10 mulheres. Separadamente, outro barco transportando 53 migrantes virou no oeste do Mediterrâneo, segundo o único sobrevivente do incidente.

As tragédias reacenderam o debate sobre a política de migração linha-dura defendida pelo governo da Itália, que reúne uma coalizão de extremos – com a direita dominando a agenda migratória.

"Seríamos hipócritas se continuássemos a falar sobre os efeitos sem procurar as causas. Se hoje temos pessoas vindas da África é porque alguns países europeus como a França nunca pararam de colonizar a África em suas cabeças", afirmou Di Maio à multidão.

O político, que também serve como ministro do Desenvolvimento Econômico, referiu-se ao franco, moeda usada em 14 antigas colônias francesas na África Ocidental e Central. A moeda é garantida pelo Tesouro francês e tem uma taxa fixa de câmbio com o euro. Embora seja creditado por proporcionar estabilidade financeira aos países africanos, tem sido frequentemente criticado como uma relíquia dos tempos coloniais pelos proponentes da total independência da África em relação à França. Eles argumentam que o franco, criado em 1945, impede seu desenvolvimento econômico, já que não têm voz na política monetária francesa ou europeia.

"Há dúzias de Estados africanos nos quais a França imprime sua própria moeda, o franco das colônias, e com isso financia a dívida pública francesa", disse Di Maio, acrescentando que a França deveria ser sujeita a sanções pela UE, e potencialmente a ONU, por "empobrecer esses Estados e desencadear essas pessoas".

"O lugar dos africanos está na África e não no fundo do mar", complementou.

Di Maio argumentou ainda que a França ficaria muito atrás no ranking econômico internacional, se não por sua influência sobre suas antigas colônias.

"Se a França não tivesse as colônias africanas, que está empobrecendo, seria a 15ª potência econômica internacional e, em vez disso, está entre as primeiras do que está fazendo na África", afirmou. A França é atualmente a sétima maior economia do mundo, de acordo com dados do Banco Mundial para 2017, e a terceira maior economia da Europa, depois da Alemanha e do Reino Unido.

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Di Maio comentou que seu partido apresentaria uma proposta ao Parlamento para punir a França nas próximas semanas.

Em um ataque ao presidente francês Emmanuel Macron, Di Maio prosseguiu afirmando que ele deveria parar de falar sobre a moral na Itália enquanto seu governo continua a explorar nações africanas.

No verão passado, Macron criticou o governo italiano por sua recusa em pegar migrantes encalhados no mar, e seu porta-voz considerou a política "repugnante" e "inaceitável".

A Itália ignorou as críticas, acusando o governo francês de hipocrisia.

As relações entre os governos francês e italiano já estavam tensas, com Di Maio — junto com o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini — expressando seu apoio aos protestos dos Coletes Amarelos que assolam o governo de Macron desde novembro.

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