Ex-prisioneiro da 'Casa do Medo' de Teerã relembra tortura sentida na pele (FOTOS)

No centro de Teerã está localizado o Museu Ebrat, o museu da tortura. Até 1979, onde hoje é um museu, funcionava a prisão governamental SAVAK que torturava presos políticos perversamente.
Sputnik

As poderosas muralhas foram construídas para amedrontar todos os iranianos que se opusessem ao xá Mohammad Reza em defesa do líder da Revolução Islâmica, Imam Khomeini. Em entrevista à Sputnik Persa, Davoud Asadi Khamene, antigo prisioneiro da instituição iraniana, compartilhou suas lembranças.

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Khamene foi preso em 1976. Ele passou seis meses sendo interrogado pelo Departamento de Luta contra Subversivos (assim eram chamados na época os presos políticos no Irã).

No terceiro trimestre de 1976, Khamene foi transferido para a prisão de Qasr: "Em 1976, as detenções atingiram pique, e a prisão de Qasr estava superlotada de presos políticos. Até 40 presos eram alocados em uma cela de 18 m²", revelou.

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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.
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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.
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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.
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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.
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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.
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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.
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Museu da Tortura Ebrat: até 1979 foi uma prisão governamental SAVAK, onde presos políticos eram severamente torturados.

Posteriormente, Davoud Asadi Khamene foi transferido para o Bloco №3 de Qasr, coincidindo com a chegada ao Irã de representantes da Anistia Internacional, da Human Rights Watch e da Cruz Vermelha Internacional, que planejavam visitar as cadeias, tendo as autoridades iranianas garantido que nenhuma tortura era executada em prisioneiros políticos.

"Aqueles que tinham acabado de voltar do interrogatório e tinham sinais de torturas, eram separados dos outros prisioneiros e transportados para a prisão, que agora é conhecida como Ghezel Hesar. As condições lá eram melhores do que em Qasr e o regime era mais livre", lembra o entrevistado.

Davoud Asadi Khamene destacou que, mesmo antes de sua prisão, desde 1974, nas prisões iranianas, para reduzir a influência de revolucionários islâmicos influentes, usava-se a prática de separar esses prisioneiros dos outros nas prisões: "Parte da prisão de Evin em Teerã era reservada especialmente para clérigos. Lá foram presas muitas figuras muçulmanas proeminentes."

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De acordo com Khamene, a tortura mais frequente daquela época era açoitamento com um grosso cabo elétrico nos calcanhares: "Esses golpes deixaram marcas fortes e dolorosas. No tratamento era usado mercurocromo. Carne e pele eram cortadas dos pés com uma tesoura e nas feridas era aplicado, em seguida, o mercurocromo que é anticéptico."

Khamene observou que, apesar de todos os fardos e sofrimentos, ele lembra a prisão e a tortura como um período significativo de sua vida, onde a vontade de derrotar o despotismo do xá Mohammad Reza somente cresceu.

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