Inicialmente, em 9 de abril de 1941, os alemães organizaram em armazéns e casernas localizadas na zona industrial de Nis um campo de prisioneiros de guerra. Porém, o fluxo de prisioneiros se esgotou rapidamente, principalmente devido aos fuzilamentos em massa. Segundo os dados do escritor Venceslav Glisic, por cada soldado da Wehrmacht morto eram fuzilados 100 prisioneiros sérvios "a título de represália" e por cada soldado ferido — 50 prisioneiros sérvios.
Depois do ataque contra a União Soviética, desde fins de junho de 1941, Crveni Krst foi transformado em uma prisão, e em setembro — em campo de concentração, onde mantinham detidos judeus, ciganos e outros "inimigos do Reich".
Segundo o historiador sérvio Aleksandar Dindic, os prisioneiros foram divididos em cinco categorias: prisioneiros de guerra, judeus, guerrilheiros, chetniks (organização paramilitar nacionalista sérvia) e estrangeiros. Entretanto, os representantes do primeiro e do quinto grupos não se distinguiam quanto à probabilidade de serem fuzilados na colina de Bubanj, sendo todos considerados pelos nazistas como pessoas de "quinta categoria".
O campo de concentração tinha um modo de funcionamento especial, afirmou o curador do memorial aberto no local do campo de Crveni Krst, Nebojsa Ozimic. Por exemplo, um pai podia libertar seu filho ocupando voluntariamente o seu lugar. Havia celas solitárias com o chão frio coberto de arame farpado em que os prisioneiros não conseguiam sentar ou deitar, a privação de sono fazia com que os prisioneiros enlouquecessem.
Ozimic assinalou que os fuzilamentos em massa decorriam de acordo com um horário: às terças e sextas. Mas em 12 de fevereiro de 1942, uma quinta-feira, um grupo de prisioneiros decidiu não esperar pela sexta-feira, que poderia se tornar sua última, e fugiram.
"A neve no pátio ficou vermelha de sangue. A vedação de três camadas de arame farpado ficou despedaçada em vários lugares como em um campo de batalha. A seguir eles [nazistas] levaram um grupo de judeus com pás e enxadas para escavar buracos nos quais depois do almoço foram enterrados os mortos", comentou a testemunha dos acontecimentos.
Segundo o interlocutor da Sputnik Sérvia, esta foi primeira revolta em um campo de concentração em toda a Europa ocupada. A coragem das pessoas desarmadas e esgotadas que decidiram alcançar a liberdade por qualquer meio ou morrer custou muito caro para os outros prisioneiros. Depois da fuga em massa no campo de concentração foram fuziladas cerca de 1.000 pessoas, ou seja, 100 mortos por cada fugitivo.
Em 12 de fevereiro, na cidade de Nis se comemora o Dia da Memória das vítimas do nazismo. Em 1969, no local do campo de concentração foi aberto o Memorial "12 de fevereiro".