As ações para cumprir oito mandados de busca e apreensão contam com o aval do Ministério Público do Rio (MP-RJ) e da Justiça Estadual, e tratam das suspeitas em torno de tentativas de obstrução das investigações do caso, que em março completará um ano, até hoje nas mãos da Polícia Civil fluminense.
Na última semana, a Anistia Internacional cobrou respostas das autoridades do Rio. As apurações seguem em sigilo, porém a principal linha de investigação liga o assassinato de Marielle, ocorrido em 14 de março de 2018, à atuação de uma milícia da zona oeste da cidade com grilagem de terras.
Segundo um delator ouvido pela Polícia Civil, o vereador Marcello Siciliano e o miliciano Orlando Curicica, um ex-policial militar, estariam por trás dos dois assassinatos. Ambos negam qualquer participação. No caso de Curicica, que já está preso, ele acusa a Polícia Civil de pressioná-lo para assumir a autoria.
Em 22 de janeiro, cinco pessoas que seriam ligadas à mesma milícia investigada no caso Marielle foram presas, incluindo o ex-PM Ronald Paulo Alves Pereira, que já chegou a ser homenageado pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Um suspeito que não foi preso na mesma operação e segue foragido, Adriano da Nóbrega, também teve ligação com Flávio Bolsonaro, com homenagens prestadas quando ele era deputado estadual, com cargos concedidos a familiares do ex-PM, e a amizade com outro colega de farda, Fabrício Queiroz, ex-assessor e envolvido no caso das movimentações suspeitas apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Entretanto, a participação da PF no caso Marielle pode representar uma volta à estaca zero nas investigações. De acordo com o jornal O Globo, a força-tarefa montada em outubro para apurar uma possível obstrução das investigações pode desmentir qualquer envolvimento de Siciliano e Curicica no crime, que segue sem solução.