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Escalada na crise venezuelana gera problemas ao Brasil: Roraima pode ficar sem luz

Com o embate entre Maduro e Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente, a tensão aumenta no país e pode gerar impactos em Roraima. A escalada na guerra de palavras entre Brasília e Caracas desenha um complicado problema no horizonte: como manter o estado funcionando caso o fornecimento de energia elétrica venezuelana seja interrompido.
Sputnik

Único estado brasileiro fora do sistema elétrico nacional, Roraima ainda depende do país vizinho para manter as luzes acesas. Boa parte da energia importada da Venezuela é utilizada para abastecer Boa Vista. A cidade responde por 75% de toda a energia consumida no estado. 

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A escalada na crise venezuelana, portanto, pode impactar diretamente a infraestrutura e economia do estado. De acordo com o governador Antônio Denarium, citado pelo Destak Jornal, a exportação de energia elétrica foi suspensa pela estatal venezuelana responsável pelo setor na quinta-feira, quando Maduro determinou o fechamento da fronteira. A justificativa seria a necessidade de "reparos na rede" de distribuição.

Desabastecimento energético

Oficialmente, o governo federal nega possibilidade de desabastecimento do estado. Em nota, o Ministério de Minas e Energia informa que as usinas térmicas de Roraima são capazes de abastecer a população. O problema, porém, é a forma como estas usinas funcionam: a diesel. Segundo Denarium, são necessários 1 milhão de litros de diesel por dia para abastecer o estado. O estoque atual é limitado e só deve durar por 10 dias. 

A estratégia também seria sentida no bolso das famílias em Roraima. Diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico, o engenheiro eletricista Roberto D'Araújo alerta em entrevista à Sputnik Brasil que a tarifa cobrada na conta de luz poderia disparar se a energia elétrica fosse substituída pela termoelétrica no médio e longo prazo. Mudar a situação permanentemente e integrar Roraima, explica o especialista, depende de investimentos para superar a complexidade da tarefa.

"O Brasil tentou integrar o sistema elétrico de todos os territórios nacionais. No passado, estados como Acre, Amazonas e Rondônia não estavam [integrados]. Porém, para se dimensionar a dificuldade técnica, para chegar até Roraima é preciso construir uma linha de transmissão que atravessa o rio Amazonas, o que demanda cabos submersos ou extensão por linhas de transmissão em torres extremamente fortes para aguentar o vão", explica o engenheiro.

Ainda de acordo com D'Araújo, o papel de fazer a interligação provavelmente caberia à Eletrobrás, empresa estatal com sérios problemas financeiros e que pode ser privatizada sob o governo Bolsonaro. O engenheiro explica que o setor privado "não tem interesse em fazer uma obra dessas porque o estado de Roraima tem uma demanda muito pequena".

Para tentar diminuir a dependência energética do estado, Roberto sugere a instalação de usinas de captação da energia solar. O método não resolveria permanentemente o problema, mas de acordo com o especialista, poderia aliviar o sistema elétrico do estado quando for necessária a ativação de usinas termoelétricas.

"Somos um dos países que mais recebem incidência de luz solar durante o ano. Instalem uma usina solar de 250 Megawatts. Infelizmente também estamos atrasados nisso. Brasília ainda não percebeu a vantagem da energia solar como complementar a outras fontes", critica.

Plano de emergência

Ciente das retaliações de Nicolás Maduro, o governo já começou a desenhar um plano de emergência. O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse neste fim de semana que Brasília planeja enviar caminhões carregados de diesel ao estado caso a interrupção do fornecimento de energia seja mantido.

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