Boom nas exportações de soja: vencedor inesperado surge na guerra comercial sino-americana

As tentativas de preencher as lacunas deixadas pelos americanos no mercado agrícola chinês poderiam levar a um boom nas exportações do Extremo Oriente russo.
Sputnik

Segundo o The Wall Street Journal, os vencedores inesperados do conflito comercial entre a China e os EUA são os produtores de soja russos.

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Uma cooperativa de produção agrícola, pertencente ao antigo sistema soviético, chamada kolkhoz e localizada na aldeia de Razdolnoye (na região russa de Amur), "pode ter permanecido nos cofres da história junto com milhares de outras fazendas coletivas que desmoronaram após o colapso da URSS", mas acaba de colher a maior colheita de seus 90 anos de história, além de comprar novas máquinas e pagar bônus recorde de funcionários, escrevem os colunistas Thomas Grove e Anatoly Kurmanayev.

De acordo com dados chineses, o comércio total entre Moscou e Pequim cresceu mais de 27% e atingiu US$ 100 bilhões em 2018, informa o artigo.

Embora o petróleo, o gás e os metais constituam a maior parte do comércio, as exportações agrícolas russas para a China também estão crescendo, inclusive a soja, com sua oferta aumentando mais de dez vezes nos últimos quatro anos, para quase um milhão de toneladas.

"A base desse fortalecimento no comércio reside nas iniciativas pessoais do presidente chinês Xi Jinping e do presidente russo Vladimir Putin, que conseguiram estabelecer relações de parceria destinadas a desafiar Washington tanto do ponto de vista diplomático como econômico", destacam os jornalistas.

Para os autores do artigo, o papel mais importante é desempenhado pelas empresas. As exportações de soja russa para a China estão crescendo principalmente graças ao investimento privado e às atividades de fazendas não estatais.

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Concentrada por muitos anos na Europa, a economia russa nos últimos anos começou a negociar menos com seus vizinhos ocidentais e reorientou-se para a China, contribuindo, assim, para o desenvolvimento das cidades do Extremo Oriente russo.

No entanto, Grove e Kurmanayev duvidam que Moscou seja capaz de aumentar a produção de soja a um nível que satisfaça parte significativa da demanda chinesa, pois cobre apenas cerca de 1% do mercado chinês — cujo volume é estimado em 90 milhões de toneladas anuais.

Devido a condições climáticas, talvez seja improvável que a Rússia se torne a principal potência no mercado de soja, embora as autoridades da região de Amur tenham altas expectativas e prometeram dobrar a colheita para dois milhões de toneladas nos próximos anos, segundo cita a publicação.

O artigo compara que as melhores fazendas de Amur produzem duas vezes mais soja do que uma fazenda média nas regiões centrais do Brasil — o principal fornecedor de soja para a China.

Além disso, o baixo custo no transporte é uma das grandes vantagens dos agricultores russos, pois a região de Amur ficar a apenas dez minutos das rodovias que levam ao centro da cidade chinesa de Heihe. A expectativa é que o crescimento da oferta de soja leve a um aumento das exportações agrícolas russas.

Outro fator de suma importância é a conclusão da ponte entre a Rússia e a China sobre o rio Amur, prevista para 2020, que, segundo as autoridades locais, se tornará um poderoso motor do crescimento comercial.

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