De acordo com Bolsonaro, a viagem à China deve acontecer no segundo semestre, antes o presidente brasileiro vai aos Estados Unidos, Chile e Israel.
Para entender qual deve ser a postura do governo brasileiro nessa viagem ao país asiático, a Sputnik Brasil entrevistou Roberto Dumas, especialista em economia chinesa, professor de Economia Internacional do Ibmec-SP e do Insper, além de ser responsável pelo portal Dumas Consulting.
Segundo Dumas, o governo brasileiro tem de tentar apostar na venda de soja. Desde que a China e EUA começaram a travar a guerra comercial, as exportações de soja brasileira para os chineses cresceram mais de 50%. Porém, o economista alerta que os produtores brasileiros não possuem garantias de que isso será duradouro.
"Eu tenho a soja, eu quero te vender soja, mas eu quero a garantia de que se você se acertar com os Estados Unidos por algum momento que continue comprando de mim pelos próximos dois anos para eu ter certeza que eu posso fazer um investimento e ter um retorno adequado", sugere.
Para Dumas, a guerra-comercial entre EUA e China não está perto do fim, por isso o Itamaraty precisa agir rapidamente.
"Já que o problema é maior e vai demorar para resolver, por que o governo brasileiro não tenta cavar esse benefício da soja? 'Olha, o meu produtor rural gostaria de te oferecer, mas eu preciso o mínimo de garantia'. Eu quero ver o interesse também dos chineses de trabalhar com a gente", comentou.
O presidente Xi Jinping virá ao Brasil para a 10ª Cúpula do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro não tem data confirmada para acontecer.
Mas o economista diz que essa é uma questão que não precisa necessariamente ser discutida entre o presidente chinês e Bolsonaro.
"Não há necessidade dessa discussão ser entre Xi Jiping e Bolsonaro, mas ter um grupo de trabalho liderado pelos produtores rurais, Kátia Abreu e etc.", comentou.
De julho a outubro do ano passado, 87% da soja brasileira teve como destino os portos chineses.