Dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) apontaram que a produção global de alimentos precisa aumentar 20% nos próximos 10 anos para atender o crescimento da população. Para dar conta dessa demanda crescente, o Brasil precisa aumentar sua oferta de alimentos ao mundo em 40% no período referido.
Este foi um dos tópicos de discussão do evento ANUFOOD Brazil – Feira Internacional Exclusiva para Alimentos e Bebidas, que aconteceu entre os dias 12 e 14 de março, em São Paulo, reunindo especialistas no tema.
Para ele, embora o agronegócio seja um dos principais setores da economia brasileira, o maior entrave para o seu desenvolvimento está no aprimoramento da logística, principalmente a do transporte entre as zonas de produção e os armazéns.
"Como esse transporte é feito todo sobre rodas de caminhões, ele é muito encarecido. Esses caminhões encontram estradas em precárias condições de conservação, e o custo se eleva muito porque, além do prazo maior também incide um custo maior para as empresas e para os caminhoneiros. (…) Isso faz com que o ‘Custo Brasil' se eleve e dificulte a nossa competitividade em nível internacional", explicou.
Alberto Figueiredo defende que seja retomada a ferrovia como meio de transporte principal para o país ficar ainda mais competitivo no mercado do agronegócio.
"Precisamos retomar o transporte ferroviário com a maior urgência porque nos parece que é esse o sistema mais competitivo de transporte", disse.
Por sua vez, José Luiz Tejon, especialista em agronegócios e coordenador da MBA em Agrobusiness da FECAP, diz que para alavancar o setor é necessário que se invista em todas as áreas que compõem o segmento, desde a pesquisa até os distribuidores.
"[O agronegócio] envolve a ciência, envolve o ‘dentro da porteira' e o ‘pós-porteira das fazendas'. É um conceito em que agrobusiness não é sinônimo de agropecuária, ele é originado na agropecuária, mas ele envolve um antes da porteira e um pós-porteira que é considerável", explicou.
A razão para isso, segundo Tejon, é porque o chamado PIB do agronegócio está dividido entre estes três setores: o "antes da porteira" responsável por 11% dessa fatia, como o setor de insumos, tranquilizantes, máquinas agrícolas, etc; o "dentro da porteira" que é 30% de todo agronegócio brasileiro e é composto pela produção agropecuária propriamente dita, e o "pós-porteira" que responde por 59% deste montante gerado pelo agronegócio brasileiro que é processamento, agroindústria, distribuição, transporte, etc.
"A maior indústria do país não é a automobilística, a maior indústria brasileira é a agroindústria. Quando olhamos o PIB brasileiro, o agronegócio como um todo, a gente precisa ver estrategicamente, que é o maior responsável por fazer o Brasil crescer", completou Tejon.