John Hart, um fazendeiro no distrito de Masterton, decidiu entregar seu rifle semi-automático à polícia depois que a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, anunciou na segunda-feira planos de reforçar as leis de armas à luz do massacre de 50 fiéis muçulmanos.
Ela também encorajou os donos a entregarem armas de fogo desnecessárias depois que o acusado por abrir fogo em duas mesquitas, o nacionalista branco australiano Brenton Tarrant, adquiriu legalmente as armas que usou nos crimes.
Hart disse que foi uma decisão fácil para ele entregar em sua semi-automática e escreveu no Twitter que "na fazenda elas [armas] são uma ferramenta útil em algumas circunstâncias, mas a minha conveniência não supera o risco de uso indevido. Nós não precisamos deles no nosso país".
O tweet atraiu uma enxurrada de mensagens depreciativas para sua conta no Facebook — a maioria aparentemente dos EUA, onde o lobby pró-armas é poderoso e vociferante.
Hart deletou as mensagens, mas postou online: "Um 'kia ora' [alô, na língua maori] caloroso para todos os meus novos amigos americanos no Facebook".
"Não estou familiarizado com seus costumes locais, mas presumo que 'cuck' seja uma saudação tradicional", respondeu ele sobre o insulto, apelido de "corno", usado com frequência por extremistas de extrema-direita.
Hart afirmou à Agência AFP que muitas das mensagens faziam referências imprecisas à sua sexualidade.
"Foi muito repentino. Começou na época em que a costa leste dos EUA estava acordando. Parecia ter sido uma convocação", relembrou.
Uma mensagem mais leve, de Kaden Heaney, perguntou: "Qual é o sentido de desistir de todas as suas armas pessoais? Vocês percebem o que acontece com as sociedades que desistem de suas armas? Pessoas malvadas terão armas, facas, bombas ou o que for quer matar, não importa quais sejam as intenções das pessoas boas. Quem vai protegê-lo".
Já Christopher @offwhiteblogger disse: "Você fez a coisa certa então, você claramente não é responsável o suficiente para possuir uma arma de fogo".
A polícia destacou que não tem dados disponíveis sobre o número de armas entregues desde sexta-feira. Mas a corporação divulgou um comunicado dizendo que "devido à maior segurança e ao ambiente atual, pedimos que as pessoas nos liguem antes de tentar entregar uma arma de fogo".
Uma pessoa que se chama Blackstone twittou: "esta é uma das decisões mais fáceis que já tomei. Possuí uma arma de fogo por 31 anos […] Depois que eu percebi isso, a única maneira que eu poderia seguir em frente com uma consciência limpa era entregá-la na polícia para destruição".
A premiê Ardern disse que os detalhes das mudanças propostas pelo governo sobre a posse de armas serão anunciados na próxima semana, mas ela indicou que as recompras de armas e a proibição de alguns fuzis semiautomáticos estavam sendo consideradas.
"Como o Gabinete, estávamos absolutamente unidos e muito claros: o ataque terrorista em Christchurch na sexta-feira foi o pior ato de terrorismo em nossas costas, foi de fato um dos piores globalmente nos últimos tempos, expôs uma série de fraquezas nas leis de armas da Nova Zelândia", declarou ela.
A polícia neozelandesa, enquanto isso, investigava um incêndio suspeito em um clube de armas no extremo norte do país, mas não o ligou imediatamente ao atual debate sobre armas. Houve também um incêndio no mesmo clube há um ano.