"Demonstrações das ideias de Bolsonaro obviamente tem consequências na sua capacidade de conduzir a política externa. Como você poderia exigir de parentes ou vítimas de violações dos direitos humanos no Chile, que fará uma homenagem a alguém que disse que Augusto Pinochet (1973-1990) não matou pessoas?", criticou o deputado da Frente Ampla, Giorgio Jackson, através de sua conta no Twitter.
Nesta sexta-feira acontece a cúpula dos líderes do Prosul, que reúne sete chefes de Estado da região para refinar os detalhes da formação deste novo bloco.
Estão presentes os presidentes Mauricio Macri, da Argentina; Jair Bolsonaro, do Brasil; Sebastián Piñera, do Chile; Iván Duque, da Colômbia; Lenín Moreno, do Equador; Mario Abdo Benítez, do Paraguai, e Martín Vizcarra, do Peru.
A Bolívia, a Guiana, o Suriname e o Uruguai são representados por seus chanceleres ou outros funcionários diplomáticos.
Em paralelo ao evento oficial, a oposição chilena organizou um ato para expressar sua rejeição à visita do presidente brasileiro, que vai ficar no Chile até sábado participando de uma série de atividades oficiais.
A oposição criticou que o Chile receba "alguém que defende a tortura, oprimir a comunidade homossexual e ataca as mulheres", como informou o bloco de esquerda Frente Ampla em uma carta de protesto foi entregue ao Executivo, solicitando que Bolsonaro seja declarado como "persona non grata no Chile".
Almoço
O primeiro grande sinal de rejeição contra o presidente brasileiro foi manifestada pelas direções do Congresso chileno no início da semana, quando o presidente do Senado, Jaime Quintana, e o presidente da Câmara dos Deputados, Iván Flores, se recusaram a participar de um almoço que o governo do Chile oferecerá a Bolsonaro neste sábado.
Depois disso, a maioria dos parlamentares e líderes da oposição decidiu não participar deste almoço, no qual alguns têm apontado que, possivelmente, "o governo do Chile vai comemorar o aniversário de Bolsonaro (era 21 de março), e não vamos lá cantar feliz aniversário".
Este mesmo almoço gerado outra polêmica quando a deputada da Frente Ampla, Maite Orsini, relatou o convite oficial do governo para participar do almoço, no qual as mulheres foram convidadas a ir de "vestido curto".
"Não só o governo do Chile decide receber com honras presidente xenófobo e machista, mas também pede que as deputadas da República sejam convidadas a ir de 'vestido curto'. Este é o Sebastián Piñera que disse acolher reivindicações feministas, mas envia convite oficial que parece ser de 1800", afirmou a deputada.
Manifestações
Na tarde desta sexta-feira a Juventude Comunista do Chile realiza uma marcha para protestar contra a visita do presidente Bolsonaro, chamada também foi respondido pela Frente Ampla, organizações feministas, a Confederação de Estudantes do Chile, a Associação das Vítimas de Execuções Políticas, o Coordenador Nacional de Migrantes e vários grupos sociais.
Por sua vez, as organizações que defendem os direitos da diversidade sexual, como o movimento de homossexual Integração e Libertação (MOVILH), realizam uma marcha neste sábado em Santiago, acusando Bolsonaro para "humilhar e denegrir as diversidades".
Finalmente, no domingo será realizado em Santiago o Concerto pelo Direito de Viver em Paz, em que uma série de artistas serão apresentados para rejeitar o bloco regional Prosul, em particular a visita de Bolsonaro ao Chile e intervencionismo na Venezuela.
O Prosul é uma iniciativa regional promovida principalmente pelos presidentes Piñera e Duque, cujo principal objetivo é substituir a atual União de Nações Sul-Americanas (Unasul).