EUA estão por trás da criação do Prosul para pressionar Maduro, diz especialista

Presidentes de sete países sul-americanos assinaram nesta sexta-feira (22) a Declaração de Santiago, que marca o início do processo de criação do Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul).
Sputnik

A nova comunidade de países sul-americanos substitui a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), paralisada há mais de dois anos. A proposta do Prosul, idealizada pelo presidente chileno tem formato mais flexível, enxuto, menos oneroso e deve se dedicar a iniciativas concretas entre os países e ações conjuntas para integração e desenvolvimento da região.

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As nações que compõem o Prosul entenderam que a Unasul, da forma como funcionou desde seu lançamento em 2008, perdeu efeitos práticos, mantendo custos, e passou a disputar decisões sobre temas que já são tratados em outras instâncias, como o Mercosul.

No entanto, para Roberto Santana, professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o grupo foi um direto dos Estados Unidos para exercer pressão sobre o governo de Nicolás Maduro e controlar mais a América do Sul.

"Não há dúvida nenhuma que essa movimentação para a criação desse organismo Prosul, que está nascendo hoje em Santiago, é uma movimentação dos Estados Unidos e dos aliados na região em esvaziar a Unasul, porque não conseguiram fazer a Unasul mais um instrumento de ataque contra a Venezuela", disse à Sputnik Brasil.

Assinaram a declaração os presidentes de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Guiana e Peru. Os líderes do Uruguai, da Bolívia e do Suriname não compareceram.

"Estão, em sinal de protesto, esvaziando a Unasul e criando um outro organismo que é muito negativo para a região. Organismos internacionais devem funcionar com a participação de todos os países, independente se a coloração do governo de ocasião de um país é mais à esquerda ou mais à direita", ressaltou Roberto Santana.

A Declaração de Santiago estabelece que os objetivos do Prosul são o diálogo contínuo e a coordenação de ações conjuntas a para o desenvolvimento da região.

Segundo Roberto Santana, a partir do momento em que, principalmente Brasil e Argentina, passaram a ser governados por partidos mais à direita, houve um esvaziamento proposital da Unasul para que o órgão criado nos anos 2000 perdesse sua força.

"O que está claro é que há uma disputa regional muito forte e o principal ponto dessa discórdia é a Venezuela. E é claro que nós não podemos fazer nenhuma análise política da América Latina e da América do Sul sem a participação dos Estados Unidos", afirmou.

O espaço do Prosul, segundo a declaração, deverá abordar, de maneira flexível, temas de integração em infraestrutura, energia, saúde, defesa, segurança e combate ao crime, e prevenção e manejo de desastres naturais.

Em discurso após a cúpula presidencial, o presidente do Chile, Sebastian Piñera, disse que o Prosul se destina a "enfrentar problemas e assumir oportunidades" que são comuns aos países da região.

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