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'Encenação política', diz ex-secretário de segurança pública sobre uso da Força Nacional

Duzentos homens e mulheres da Força Nacional começam nesta segunda-feira (25) a atuar no Pará. O reforço foi um pedido do governador Helder Barbalho (MDB). A medida, contudo, não passa de uma "encenação" que não trará resultados, segundo avaliação do coronel reformado da PM-SP e ex-secretário nacional de segurança pública José Vicente da Silva.
Sputnik

O uso da Força Nacional para contornar problemas de segurança pública tem se tornado um expediente comum. Em 2019, as tropas já foram utilizadas no Ceará após uma série de atentados do crime organizado. Antes disso, também já foram empregadas durante a greve policial que ocorreu no Espírito Santo em 2017.

Criada em 2004 pelo então presidente Lula (PT), hoje o órgão é subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública de Sérgio Moro.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Silva acredita que a Força Nacional está sendo uma peça no xadrez político e que tanto Brasília quanto os governadores que a solicitam sabem que seu uso não irá resolver os problemas de segurança pública.

"Ao se deparar com a crise, a violência muito grande, eles [os governadores] procuram dar uma resposta para seu eleitorado chamando o Governo Federal. É uma resposta rápida que pode ser dada para a população. O Governo Federal, naturalmente, fica constrangido nessa situação de não dar ou negar apoio a um estado que está pedindo, está carente", afirma.

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Silva foi secretário nacional de segurança pública em 2002, durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso, e diz que o uso da Força Nacional é uma "encenação política".

Ele ressalta que os pedidos de ajuda deveriam ser acompanhados de estudos sobre a situação da segurança em cada estado e que não há "solução rápida" para o problema.

"O Pará, por exemplo, tem o pior desempenho em investigar o crime mais fácil de esclarecer, que é o homicídio, por incrível que pareça. Enquanto São Paulo fica com 36% de esclarecimento dos homicídios, Mato Grosso do Sul tem o melhor desempenho com 56%, o Rio de Janeiro tem quase 12% e o Pará tem pouco mais de 4%. É uma falência da Polícia Civil que tem o encargo de fazer a investigação desse crime, que é o mais violento e mais fácil de esclarecer."

O Pará é o 4° Estado mais violento do Brasil com 50,8 homicídios para cada 100 mil homicídios. Sergipe (64,7), Alagoas (5,2) e Rio Grande do Norte (53,4) registram números piores, segundo o Atlas da Violência.

No Brasil, a média é de 30,3 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), taxas acima de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes são de violência epidêmica.

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