Será possível guerra pelas Colinas de Golã com participação do Irã?

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na presença do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em 25 de março um documento sobre reconhecimento da soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, que de acordo com as Resoluções do Conselho de Segurança da ONU pertencem à Síria.
Sputnik

Hoje as forças militares iranianas estão presentes na Síria e a agência Sputnik Persa discutiu com um especialista se é possível haver uma guerra pelas Colinas de Golã.

Quando ocorreram a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra do Yom Kippur de 1973, que levaram à ocupação das Colinas de Golã por Israel, o Irã do xá Mohammad Reza Pahlavi não mostrou qualquer simpatia pelos seus vizinhos árabes e pela proteção de seus interesses contra Israel. Naquela época, para o Irã Israel era um parceiro comercial estratégico que ele não queria perder em benefício de seus vizinhos árabes.

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No entanto, os tempos mudaram e Israel, que era amigo do Irã do xá, desde a Revolução Iraniana de 1979 tornou-se um inimigo do Irã. E hoje, quando as forças militares iranianas estão presentes na Síria, o cenário pode ser diferente por parte do Irã, não será como em 1973. Será que as Colinas de Golã ainda se tornarão uma nova "guerra do Yom Kippur", na qual agora também entrará o Irã?

Em entrevista à Sputnik, Hossein Royvaran, cientista político iraniano, professor da Universidade de Teerã, especialista em assuntos do Oriente Médio e países árabes e ex-chefe do escritório regional da empresa estatal de televisão e rádio do Irã em Beirute, comentando a situação atual nas Colinas de Golã, disse que "as ações dos EUA mostram que este país só está sujeito à 'lei da selva'", mas as ilegalidades de Trump podem acabar mal, tanto para Israel quanto para os próprios EUA.

"As Colinas de Golã, de acordo com as Resoluções 242 e 338 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, são um território da Síria, dois terços do qual está agora ilegalmente ocupado por Israel. E o fato de os EUA, sob pretexto de lutarem contra o Irã e violando o direito internacional, reconhecerem este território ocupado como parte de Israel nos mostra que os EUA não reconhecem nem mesmo as resoluções que eles mesmos assinaram", disse Hossein Royvaran.

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Segundo o especialista, a falta de compromisso com suas promessas e a violação do direito internacional criariam mais tensão, anarquia e caos na região. Ao mesmo tempo, esta ilegalidade pode eventualmente virar-se contra os EUA e Israel.

"Hoje, há um bloco internacional de países que se formou contra Israel e a ilegalidade norte-americana (incluindo o reconhecimento de Jerusalém como a capital do Estado judaico). Apenas alguns países apoiaram as ações de Trump. Isso nos fala sobre o isolamento político dos EUA e a perda de respeito dos países pelos EUA a nível internacional", acrescentou Hossein Royvaran.

O especialista não descartou que uma operação militar para libertar as Colinas de Golã da ocupação israelense também poderia começar, não apenas por parte da Síria, mas em conjunto através de um bloco de coalizão, onde o Irã ajudaria com o Hezbollah e o Hamas.

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"Agora pode não ser uma boa altura para a Síria começar uma nova 'guerra do Yom Kippur'. O país ainda está lutando com vários problemas: a leste do Eufrates, na província de Idlib, algumas áreas em Aleppo ainda estão ocupadas por grupos terroristas e os americanos não deixaram a Síria", explicou ele.

Segundo o especialista, nenhuma ocupação pode continuar permanentemente e isso não exclui uma solução militar. Assim que a Síria ganhe forças e considere existirem as condições necessárias para uma ação militar, ela poderá recuperar o seu território. O Irã, o Hamas e o Hezbollah ajudarão a Síria em qualquer guerra contra Israel.

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