"Antes de dar conselhos a alguém para sair de algum lugar, os Estados Unidos precisam implementar seu próprio conceito de sair, em particular, da Síria […] Um mês se passou […] Eu gostaria que eles esclarecessem se eles vão se retirar. Antes de assumir os interesses legítimos de outros Estados, aconselho o governo americano a cumprir as promessas feitas à comunidade internacional", disse Zakharova.
Zakharova foi ainda mais dura ao dizer que os "passos caóticos e imprevisíveis" dos EUA fomentam a desordem global. Ela também disse que os Estados ocidentais estão sendo hipócritas quando afirmam que a Venezuela precisa de ajuda humanitária ao passo em que congelam as contas bancárias de Caracas em todo o mundo.
"Londres, as estruturas bancárias do mundo, sob pressão de Washington, congelaram, roubaram US$ 30 bilhões, e agora estão oferecendo ajuda humanitária, remédios e comida ao país. Essa hipocrisia global é fantástica", disse Zakharova em entrevista à emissora Channel One na quarta-feira.
A Venezuela está passando por uma crise política, iniciada em janeiro, quando o congressista Juan Guaidó foi eleito presidente da Assembleia Nacional, cuja autoridade não é reconhecida por outros órgãos do governo desde a instauração de uma Constituinte esmagadoramente madurista. O Supremo Tribunal venezuelano anulou sua designação, mas Guaidó se proclamou "presidente interino" do país baseando-se na ilegitimidade das eleições que concederam um novo mandato a Maduro e na Constituição que concede a presiência interina da Venezuela ao líder da Assembleia Nacional até a convocação de um novo pleito.
No sábado, um grupo de militares russos visitaram a Venezuela para tratar sobre cooperação na indústria de defesa. Cerca de 100 militares russos chegaram a Caracas a bordo de dois aviões, que também entregaram 35 toneladas em ajuda humanitária.
Trump disse em uma reunião na Casa Branca na quarta-feira que "a Rússia tem que sair" da Venezuela. Quando perguntado como isso pode ser feito, ele acrescentou que "todas as opções estão abertas".
As tropas dos EUA operam na Síria como parte de uma coalizão internacional para combater o grupo terrorista Daesh* por cerca de cinco anos sem a permissão de Damasco ou do Conselho de Segurança da ONU. Trump surpreendeu seus aliados em dezembro ao anunciar a retirada de 2.000 soldados da Síria, mas a promessa ainda não foi integralmente cumprida.
* Daesh (também conhecido como Estado Islâmico) é um grupo terrorista banido na Rússia e em muitos outros países.