Desde que assumiu o cargo, o presidente brasileiro tem se envolvido em inúmeras polêmicas de diferentes tipos, incluindo bate-bocas com aliados e mal-entendidos com a imprensa. Um dos motivos para esses problemas, segundo o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Gabriel Rossi, seria o déficit comunicativo entre o Palácio do Planalto e seu público, que pode ter influenciado, inclusive, no aumento de 11% para 24%, entre janeiro e março, na proporção dos brasileiros que consideram o atual governo ruim ou péssimo.
Rossi, que é especialista na construção e no gerenciamento de marcas e reputação, afirma que o governo deveria rever seus direcionamentos a fim de não perder mais apoiadores e índice de confiança, com o presidente e seus ministros utilizando, por exemplo, o suporte da assessoria jurídica do Ministério Público. Segundo ele, existem assuntos com urgência a serem debatidos, como a reforma da previdência, que, se não passar, pode decretar o fim do governo, o que colocaria o país em um "buraco sem fim".
Para o acadêmico, uma mudança de atitude na comunicação do governo é necessária, neste momento, tanto para apaziguar os ânimos como para dar segurança para que a reforma da previdência e o projeto apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, sobre o pacote anticrime, sejam aprovados.
"São pautas, evidentemente, importantíssimas para o país."
Gabriel Rossi considera que, atualmente, a comunicação do Planalto é "amadora, infantil e inconsequente". E ela precisa sair do "palanque" e do "ambiente eleitoral" para pensar no Brasil como um todo, levando em conta a diversidade do país e a clareza das mensagens.
"O Twitter é muito importante para falar de forma direta com a população, as redes sociais são uma realidade, tudo isso é muito importante. Mas precisa ser feito de forma profissional, de forma orquestrada, de forma clara."
De acordo com o especialista, o Brasil passa por um período de forte divisão e até de revanchismo, como foi mostrado na última eleição, e, ao que parece, o próprio presidente e sua equipe jogam contra qualquer possibilidade de se resolver essas questões, "eles não precisam de oposição de fato".
"A melhor forma de corrigir isso é, primeiro, o presidente exercendo o papel de líder. Essa é a primeira questão. E, depois, orientando todos os ministros para que se posicionem de acordo com o perfil do governo e de acordo com o mandamento jurídico, com o ordenamento jurídico da coisa."