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Especialista: projeto de governo de Bolsonaro é uma Reforma da Previdência com falhas

O ministro da Economia, Paulo Guedes, bateu boca com deputados e, segundo especialista, não convenceu politicamente.
Sputnik

Principal projeto do governo federal na área econômica, a Reforma da Previdência foi explicada pelo superministro da Economia à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira. Ele protagonizou um confronto verbal com deputados da oposição durante audiência pública.

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Ao responder a uma pergunta do líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), sobre as condições de aposentadoria das empregadas domésticas, o ministro afirmou que as mulheres mais pobres seriam pouco afetadas em relação às regras atuais. Nesse momento, Guedes foi fortemente contestado pelos deputados.

Por outro lado, Guedes afirmou que o governo está preparado para a retirada das mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural da reforma da Previdência. 

"Nós estamos preparados para essa sensibilidade social do BPC e da aposentadoria rural. Se isso for realmente uma vontade do Congresso, ela [a retirada] deve ser feita. Tínhamos que apontar esses problemas, mas estamos preparados para o resultado. E não achamos que devemos transformar isso em uma batalha campal", declarou o ministro aos deputados.

Equivalente a um salário mínimo, o BPC é pago a idosos de baixa renda a partir dos 65 anos. A proposta de reforma da Previdência prevê a redução do valor para R$ 400, com pagamento a partir de 60 anos, atingindo o salário mínimo somente a partir dos 70 anos.

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Guedes também recomendou aos parlamentares que reformulassem o projeto de lei que endurece a aposentadoria dos militares e reestrutura a carreira da categoria. 

"Me perguntaram porque eu não cortei a aposentadoria dos militares? Ora, cortem vocês. Vocês são o poder. Vocês têm medo de fazer isso?", disse o ministro, que mais uma vez foi contestado pela oposição.

O ministro afirmou que está disposto a mudar a proposta para retirar a adesão automática de estados e municípios à reforma da Previdência. Guedes disse, no entanto, que tem recebido apoio de governadores e de prefeitos para que as mudanças sejam aplicadas automaticamente aos governos locais depois da aprovação.

"[A Reforma da Previdência] é um desafio para o governo [Bolsonaro] em virtude das derrotas recentes, detectadas em votações na Câmara. Agora, o maior problema em termos políticos, e o que eu vou falar não é novidade alguma, é que o governo está apresentando uma Reforma da Previdência com inúmeros problemas, inclusive na própria base aliada já se detectou uma fragmentação tremenda…e ao mesmo tempo, concomitantemente, uma ausência de proposta de governo", disse à Sputnik Brasil, cientista político da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Antônio Marcelo Jackson.

"A respeito da Reforma da Previdência, sejamos sinceros, o governo Fernando Henrique fez, o governo Lula fez. Quase todos os governos fazem alguma reforma na Previdência. Isso não é novidade alguma. Mas essas reformas aparecem na carona de um projeto de governo. Eu preciso chegar num ponto X, e para que isso aconteça eu preciso de uma reforma", acrescentou o acadêmico.

"Acontece que isso não está acontecendo no governo de Jair Bolsonaro. Qual é o projeto de governo? Por hora somente a Reforma da Previdência. E ainda assim, com falhas. Aí fica difícil convencer politicamente", declarou Antônio Marcelo Jackson.

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