Dos novos produtos que foram liberados, 28% deles já foram banidos ou não são permitidos na União Europeia, que tem uma legislação mais dura para tratar dos defensivos agrícolas. Mais uma vez, o levantamento é do Greenpeace e pode ser conferido no link.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, falou sobre os novos produtos em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. A ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, organização que reúne a bancada ruralista no Congresso, disse que muitos dos problemas ligados aos agrotóxicos acontecem porque os agricultores não utilizam os equipamentos de proteção de maneira correta.
Cristina também falou sobre o glifosato, agrotóxico classificado como potencialmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. Segundo a ministra, para o glifosato ser abandonado é necessário encontrar um substituto.
Segundo José Eduardo Wanderley Cavalcanti, fundador e diretor da empresa Ambiental do Brasil, existem muitas "informações desencontradas" sobre o uso de pesticidas. Cavalcanti defende que grande parte dos produtos liberados são extensões de agrotóxicos que já eram utilizados.
Ele diz que os agrotóxicos estavam "represados" nas administrações anteriores e que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é lenta em suas análises dos produtos.
Para Cavalcanti, a discussão sobre os riscos cancerígenos do glifosato é uma questão "superada".
Já o engenheiro agrônomo Warwick Manfrinato analisa que Bolsonaro focou em "resolver problemas do setor agrícola" e "abriu a torneira de processos" de liberação de agrotóxicos.
Sobre casos de alimentos que chegam contaminados à mesa dos brasileiros, Manfrinato diz que estes casos mostram que há falhas nos órgãos de fiscalização.
"As notícias de que estamos recebendo no Brasil de que um grande número de alimentos estão chegando contaminados à mesa não é, obviamente, culpa do produto químico, mas é da cadeia, da sequência de responsabilidades que nós temos que observar."
O engenheiro agrônomo ressalta que o Brasil precisa "ponderar" seu uso de pesticidas porque pode perder mercados no exterior por conta do uso intensivo de agrotóxicos.
Segundo a pesquisa de doutorado da professora da USP Larissa Bombardi, 30% de todos os agrotóxicos permitidos no Brasil são proibidos na União Europeia. Além disso, dois dos produtos mais vendidos no Brasil são banidos na UE.