Cada vez mais países, incluindo o Brasil, dedicam sua atenção à medicina nuclear — especialidade médica muito eficaz no diagnóstico e tratamento de várias enfermidades, incluindo o câncer e doenças cardiovasculares.
Às margens do Fórum internacional ATOMEXPO 2019, Dr. Emerson Soares Bernardes, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), explicou à Sputnik Brasil o panorama atual e os desafios da expansão da medicina nuclear no Brasil.
"Vamos dizer o que estamos fazendo nesse sentindo: construímos um reator nuclear multipropósito destinado especificamente a produzir radioisótopos para terapia e diagnóstico e isso vai nos dar maior liberdade. O reator aumentará nossa capacidade de produzir radioisótopos no Brasil e, com isso, tornará radioisótopos mais disponíveis", explicou ele à Sputnik Brasil.
Ele sublinhou que um dos problemas importantes é que médicos que não se especializam na medicina nuclear não sabem como usar esse tipo de medicamentos, bem como suas capacidades.
"Médicos que trabalham com medicina nuclear estão familiarizados com esses medicamentos, enquanto outros, de outras especialidades da medicina, sabem usar apenas medicamentos convencionais e se medicamentos convencionais não funcionam, eles não sabem que existe outra possibilidade de terapia", afirmou o especialista.
Segundo Bernandes, para entender a essência do problema, é preciso assinalar que "durante 50 anos a radiofarmácia foi um monopólio do governo e isso fez com que as universidades não tivessem cursos voltados para trabalhar com medicina nuclear".
"Isso fez com que a formação fosse menos profissional, não sabendo capacidades", afirmou ele acrescentando que, embora o monopólio tenha sido parcialmente quebrado dois anos atrás, as universidades ainda não se adaptaram à nova realidade e ao receber formação médico generalista, os estudantes não têm acesso à informação sobre medicina nuclear.
Respondendo à pergunta se no futuro a medicina nuclear vai substituir a medicina convencional, ele disse que "há mais possibilidades quando a medicina nuclear complementar outras especialidades tanto com terapia, como com diagnóstico, porque quanto mais preciso e individualizado for o tratamento e diagnóstico, mais possibilidades do sucesso de tratamento".
O Fórum internacional ATOMEXPO 2019 foi realizado na cidade russa de Sochi entre 15 e 16 de abril e se tornou palco de debate sobre as perspectivas e desafios do setor nuclear global.