"O asteroide serviu como uma espécie de cápsula protetora, dentro da qual ficaram preservados 'embriões' de cometas e grãos de matéria primária do Sistema Solar. Isso os ajudou a sobreviver à jornada através da atmosfera da Terra e nos ajudou a obter amostras de matéria que nunca chegaria aqui sozinha", disse Larry Nittler, do Instituto de Ciências Carnegie em Washington (EUA), no estudo recém-publicado na revista Nature Astronomy.
A NASA e a Fundação Nacional de Ciência dos EUA enviam à Antártida regularmente expedições, desde meados da década de 70, para coletar e catalogar meteoritos que caem nesse território.
A equipe de Nittler conseguiu descobrir vestígios de uma das mais antigas colisões desse tipo, ocorrida há cerca de 4,4 bilhões de anos, nos primeiros momentos de vida do Sistema Solar, ao estudar o meteorito LAP 02342 (encontrado nessas montanhas em 2002), que excepcionalmente não sofreu graves "queimaduras" durante sua queda na Terra.
Dentro das camadas internas absolutamente "puras" do LAP 02342, havia uma surpresa — quando os cientistas analisaram o meteorito, eles encontraram dentro dele incrustações minúsculas escuras, de natureza incompreensível, contendo quantidades recorde de substâncias orgânicas e voláteis.
Como supõem os astrônomos, uma composição de matéria semelhante foi encontrada em dois outros recantos do espaço — no cometa Churyumov-Gerasimenko e em grãos de poeira que entraram no Sistema Solar a partir do ambiente interestelar.
Dessa forma, essa poeira poderia ter entrado no asteroide cerca de 3 milhões de anos após o nascimento do astro — nessa época os grãos de poeira começaram a se unir em pedras maiores, que mais tarde se tornaram núcleos de cometas e asteroides. Periodicamente, eles se colidiam entre si resultando em junção ou destruição mútua.
A descoberta desses vestígios no meteorito LAP 02342 permite que os planetólogos possam estudar pela primeira vez a composição da matéria primária do Sistema Solar.