Irã adverte: um 'acidente' pode provocar guerra com EUA

As tensões entre Washington e Teerã continuam aumentando em meio às ameaças norte-americanas de derrubar até "zero" as exportações iranianas de petróleo e as advertências das autoridades iranianas de que o país pode fechar o estratégico estreito de Ormuz, caso sua segurança seja ameaçada.
Sputnik

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, não acredita que uma guerra entre o Irã e os EUA seja iminente ou inevitável, mas não exclui a possibilidade de algum "acidente" resultar em um conflito militar.

Irã: no caso de confronto com tropas americanas o único responsável será Washington
Falando ao The Independent em uma entrevista publicada nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores iraniano indicou que o estreito de Hormuz, um importante canal através do qual passam cerca de 20% do suprimento mundial de petróleo, pode ser a faísca a desencadear uma guerra por falta de comunicação entre os militares dos EUA e a Guarda Revolucionária Iraniana, com cada lado rotulando o outro de "terroristas".

Zarif também lembrou um incidente de janeiro de 2016, no qual dois navios da Marinha dos EUA entraram em águas iranianas no Golfo Pérsico e foram detidos pelas forças do Irã. Aqui foi possível evitar a escalada graças à existência de uma linha direta de comunicação entre Zarif e o então Secretário de Estado John Kerry. "Mas hoje não existe tal linha de comunicação entre o ministro das Relações Exteriores iraniano e o secretário de Estado dos EUA. Assim, um incidente similar no Golfo Pérsico pode sair rapidamente do controle", observou The Independent.

Putin põe em dúvida estratégia dos EUA de levar exportações de petróleo do Irã a zero
Zarif passou grande parte da semana passada nos EUA, onde comentou com diversos jornalistas sobre os perigos de outra guerra no Oriente Médio. A viagem incluiu uma entrevista com a Fox News, durante a qual o ministro das Relações Exteriores disse sentir que o presidente Trump não tinha interesse em guerra, mas que alguns de seus funcionários e aliados dos EUA, incluindo o assessor de segurança nacional John Bolton, primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, e a Arábia Saudita, estavam interessados ​​em "arrastar os Estados Unidos para um conflito".

Em um evento separado na semana passada, Zarif alertou que o Irã continuaria vendendo seu petróleo no exterior apesar das ameaças dos EUA e advertiu que Washington deveria se preparar para enfrentar "consequências" se adotar "a medida louca" de tentar impedir que o Irã venda seu petróleo.

Tensões de longa data entre o Irã e os Estados Unidos pioraram em maio de 2018, quando Washington se retirou unilateralmente do acordo nuclear com o Irã e adotou novas sanções contra o país.

Comentar