O Departamento de Defesa dos Estados Unidos publicou recentemente um relatório dedicado às capacidades militares da China. Segundo o documento, Pequim presta grande atenção ao reforço da Marinha, assim como à exploração do Ártico. O autor do documento opina que, graças à modernização do Exército, a China pode manter o estatuto de superpotência mundial.
Entretanto alguns analistas consideram que o reforço do poder das Forças Armadas da China está principalmente ligado com a proteção das vias marítimas, que adquiriram importância considerável à luz do crescimento econômico do país.
"Pequim quer garantir a segurança das comunicações marítimas. Esta é a razão principal do desenvolvimento da sua infraestrutura militar no Oriente Médio e na África", disse o analista.
O relatório afirma que a China continua aumentando sua presença militar no mundo. Mas Pavel Kamenov aponta a diferença entre uma base militar e um posto de abastecimento e apoio logístico, sublinhando que, atualmente, a China não dispõe de nenhuma verdadeira base militar fora do país.
"Hoje em dia, a China não tem nenhuma base militar no exterior. Porque esse conceito inclui armamentos, armazéns de munições, postos de manutenção, infraestrutura de treinamento etc.", disse ele.
A secretaria de Defesa norte-americana exagera intencionalmente as capacidades da China para provar a tese da agressão e expansão chinesas. De fato, os EUA e a China têm um nível de poder militar completamente diferente, afirma Pavel Kamenov.
"Basta dizer que os EUA têm 11 porta-aviões e a supremacia completa nos navios nucleares. Mas a China não visa alcançar a paridade com Washington. O objetivo principal de Pequim é conter os EUA, e a China tem vindo a realizar essa tarefa com sucesso", afirmou o analista.
"Na maioria, a Marinha chinesa consiste de material bélico desatualizado. Isso mesmo acontece com o único porta-aviões, Liaoning. […] Não haverá um aumento significativo do número de navios. Entretanto, a Marinha dos EUA planeia incorporar dezenas de novos navios de guerra, segundo o plano de [presidente norte-americano] Trump", disse ele em entrevista ao RT.
O analista considera que a modernização das Forças Armadas da China é necessária para reduzir a distância tecnológica entre o país e outros Estados. Ao mesmo tempo, o deslocamento de forças chinesas no Ártico é uma invenção estadunidense.
Segundo ele, a verdadeira razão é o crescimento da concorrência econômica e geopolítica entre a China e os EUA.
"Claro que a China tem grandes apetites militares, mas devemos ter em conta que durante muito tempo Pequim não investiu nas suas Forças Armadas. Em resultado, a China atingiu posições de liderança na economia, mas não conseguiu que o Exército acompanhasse esse nível", explicou Aleksei Maslov.