Entretanto, em vez de impor tarifas sobre importações americanas, Pequim poderia usar outras medidas que escalariam a tensão entre os dois países, revela a jornalista Katherine Greifeld em seu artigo para a Bloomberg.
Para Greifeld, Pequim poderia desvalorizar sua moeda nacional para reduzir o impacto do aumento das tarifas de Washington. Em 2018, a divisa chinesa se desvalorizou 5,5% em relação ao dólar, provocando a ira de Trump e as especulações que a China poderia ter desvalorizado sua moeda deliberadamente.
Entretanto, a economista-chefe da UBS Group AG, Tao Wang, considera que é pouco provável que a China vá usar essa ferramenta, particularmente se se levar em conta a dolorosa experiência de 2015, quando a desvalorização do yuan provocou uma fuga de capitais.
"A China não gosta das fugas provocadas por ela mesma como resultado da desvalorização porque costumam diminuir a confiança doméstica. Além disso, a desvalorização registrada em 2018 irritou a administração de Trump e levou ao aumento das tarifas aduaneiras [dos EUA]", explicou Wang.
Como resultado, o tema ligado às divisas se converteu em um ponto focal nas negociações comerciais entre ambos os países, revelou à Bloomberg uma fonte familiarizada com o assunto.
Venda de títulos do Tesouro dos EUA
Atualmente a China, sendo o maior detentor de títulos da dívida pública dos EUA, possui títulos no valor de 1,1 bilhão de dólares (R$ 4,4 bilhões). Greifeld opina que esses ativos poderiam se converter em uma arma poderosa se Pequim decidir vendê-los. Por exemplo, em 2018 o mercado sofreu um "terremoto" quando os funcionários chineses recomendaram desacelerar ou parar a compra de títulos do Tesouro estadunidenses.
Contudo, o analista Ed Al-Hussainy, da empresa financeira Columbia Threadneedle Investments, considera que realmente a China não tem outro ativo adequado para suas reservas internacionais, que alcançam 3,1 bilhões de dólares (R$ 12,3 bilhões). Além disso, se a China vender seus títulos do Tesouro dos EUA, esse passo poderia causar a queda dos preços, entre outras consequências, revelou a autora do artigo.
Impedimento de compras de soja
Atualmente a China é o maior comprador das sementes de soja dos EUA. Pequim já impôs tarifas de 25% sobre as importações desse produto de produção estadunidense.
Segundo Greifeld, a soja é cultivada principalmente nos estados do centro-oeste, que compõem a base eleitoral de Donald Trump. Esta é a razão pela qual o destino das exportações de soja dos EUA é muito importante para o presidente dos EUA.
"O impedimento do fornecimento de soja seria uma medida relativamente fácil em comparação com a desvalorização do yuan e o ataque contra aos títulos", disse Setser.