Cientistas russos e alemães identificaram um ciclo hidrológico que poderia explicar por que Marte se tornou tão "desidratado", enquanto a Terra conseguiu manter suas reservas de água.
Os cientistas usaram simulações de computador para descobrir um mecanismo anteriormente desconhecido que perfura essa camada protetora.
A cada dois anos terrestres, o verão atinge o hemisfério sul de Marte, quando o vapor d'água sobe da camada mais baixa da atmosfera para a superior. Depois disso, os ventos levam a maior parte do gás rarefeito para o Polo Norte, onde ele afunda mais uma vez, mas parte dele escapa ao espaço.
A órbita marciana é muito mais elíptica que a da Terra, e quando é verão no hemisfério sul o planeta está mais próximo de sua estrela, o que significa que o verão no hemisfério sul é mais quente que o verão no hemisfério norte.
"Quando é verão no hemisfério sul, em certas horas do dia o vapor de água pode subir localmente com massas de ar mais quentes e atingir a atmosfera superior", disse Paul Hartogh do Instituto de Física e Tecnologia de Moscou em um comunicado.
Outro problema são as vastas tempestades de poeira que cobrem todo o Planeta Vermelho e repetidamente assolam Marte com intervalos de vários anos. As últimas tempestades ocorreram em 2007 e 2018 e foram documentadas por sondas espaciais que orbitam Marte.
"As quantidades de poeira que circulam na atmosfera durante essas tempestades facilitam o transporte de vapor de água para as camadas superiores do ar", disse o cientista Aleksandr Medvedev.
Partículas de poeira podem absorver a luz do sol e aquecer, elevando as temperaturas na atmosfera em até 30 graus.
"Nosso modelo mostra com uma precisão sem precedentes como a poeira na atmosfera afeta os processos microfísicos envolvidos na transformação do gelo em vapor de água", explica o cientista Dmitry Shaposhnikov.