Falando em uma conferência de imprensa conjunta com o presidente russo Vladimir Putin em Sochi nesta quarta-feira, Van der Bellen criticou as sanções dos Estados Unidos contra o Irã dizendo que tais políticas "não ajudam as relações internacionais" e só erodem o sistema de tratados globais.
"O fato de os EUA terem se retirado do acordo nuclear iraniano mina a confiança neste acordo em geral", afirmou o austríaco a jornalistas.
O líder da Áustria também admitiu que a Europa até agora não conseguiu "criar um mecanismo que ajudasse as empresas a contornar efetivamente" as restrições dos EUA. Ele também mencionou que a criação de tal instrumento é uma tarefa "muito trabalhosa".
Van der Bellen então advertiu os EUA contra seguirem o caminho que escolheram, dizendo que qualquer pressão adicional que Washington colocar sobre o Irã "vai minar as relações políticas" na arena internacional "ainda mais".
"Se os EUA continuarem pressionando o Irã, toda a situação corre o risco de se transformar em outra grande crise como aconteceu no Iraque há alguns anos", alertou o presidente, sem dar mais detalhes. "Ninguém na Europa quer que isso aconteça".
As palavras de Van der Bellen surgiram em meio a temores crescentes de que um conflito militar poderia irromper entre os EUA e o Irã. Essas preocupações foram ainda mais alimentadas pela decisão dos EUA de retirar todos os funcionários não essenciais de sua embaixada na capital iraquiana de Bagdá e um consulado na cidade de Erbil, no norte do Iraque.
Os desenvolvimentos levaram a Alemanha e a Holanda a suspender temporariamente suas missões destinadas a treinar as forças iraquianas.
Washington enviou o grupo de ataques aéreos USS Abraham Lincoln, além de bombardeiros B-52, para "enviar uma mensagem" ao Irã, citando constantemente uma ameaça supostamente maior de Teerã e criticando os de seus aliados que duvidavam da afirmação.
O presidente dos EUA, Donald Trump, recentemente desmentiu uma reportagem do jornal The New York Times sobre um plano para enviar "120 mil soldados" para o Oriente Médio como "notícias falsas", dizendo que "esperamos que" não seja necessário. Ele acrescentou, no entanto, que se chegasse a um conflito quente, "enviaríamos muito mais tropas do que isso".