Diretor grego sobre visita à Venezuela: 'não senti um risco maior do que no Rio de Janeiro'

A crise na Venezuela dura já há muito tempo, mas o que na verdade acontece no país? Conta o jornalista grego e diretor de um documentário sobre a crise venezuelana.
Sputnik

Aris Chatzistefanou, diretor do documentário "Make the economy scream" ("Faça a economia gritar"), que foi representado na feira em Salonica, em sua entrevista à Sputnik Grécia contou sobre suas impressões da viagem à Venezuela que lhe permitiu fazer o filme sobre a vida do país na época da crise:

"Em 11 ou 12 horas de voo, li dezenas de textos sobre o que acontece no país. Então saindo do avião eu pensava que seria assaltado ou morto. Eu esperava ver que as pessoas na rua são doidas e que atiram umas nas outras. De fato, eu vi uma cidade bastante perigosa, mas não senti um risco maior do que, por exemplo, no Rio de Janeiro ou em alguns distritos do México, eu estive na maioria dos países latino-americanos."

O diretor afirma que depois de ter lido tanto sobre a situação na nação venezuelana, ele esperava ver prateleiras vazias nas lojas, por isso resolveu ir aos mercados para registrar com sua câmera. Mas a imagem foi outra: havia um déficit de produtos, mas não havia aquilo do que falavam nas mídias. Ele entrava em um supermercado, depois em outro, mas não havia prateleiras vazias. Havia problemas, mas não aqueles que todos imaginavam.

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Para mídia, explica diretor, lojas vazias é uma imagem boa. E agora mesmo, nota Chatzistefanou, quando supermercados estão cheios de produtos, mídias tentam mostrar quadros antigos, falsificando a realidade e não se aprofundando na raiz do problema, porque, neste caso, se vê sempre a responsabilidade dos EUA em todas as fases da crise econômica.

Descrevendo sua experiência de visitas em hospitais locais, o jornalista explica que a responsabilidade direta dos EUA está na ausência de medicamentos. Milhares de pessoas morrem por causa de sanções e embargo. Dois economistas publicaram um estudo onde afirmam que 40 mil pessoas morreram por causa das sanções durante os dois últimos anos, lembra o diretor. E a explicação é a seguinte: os venezuelanos não podem importar mesmo insulina e remédios básicos – os países vizinhos não lhes vendem, por isso eles são obrigados a comprá-los da Índia, China e de outros países.

Chatzistefanou destaca que os EUA podem afirmar que sanções concernem os funcionários, mas estas sanções matam milhares de pessoas.

"Eu disse sobre 40 mil mortos, mas tenho medo que podemos atingir o nível do Iraque", declara o cineasta grego.

Aris Chatzistefanou lembra a história: um dia Madeleine Albright, secretária de Estado dos EUA foi interrogada "Meio milhão de crianças foi morto por causa de seu embargo. A senhora julga que valeu a pena?".  E ela respondeu: "Julgamos que sim."

"O que acontece agora na Venezuela recorda um genocídio pequeno", concluiu o diretor.

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