'Ameaça russa': chefe da inteligência alemã pede para não compartilhar dados com a Áustria

O chefe da agência de segurança interna alemã, o BfV, disse ao Parlamento que vê "riscos consideráveis" na cooperação de inteligência com a vizinha Áustria, de acordo com o jornal Die Welt. E é tudo "culpa" da Rússia novamente.
Sputnik

No alvorecer de um escândalo envolvendo o agora ex-vice-chanceler da Áustria, Heinz-Christian Strache, e uma suposta "sobrinha de um oligarca russo", o semanário alemão Welt am Sonntag publicou outra história, também escavando a narrativa sobre uma "Rússia má".

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De acordo com o jornal, o presidente do Escritório Federal de Proteção da Constituição (BfV) — Thomas Haldenwang, afirmou à comissão de supervisão de inteligência do Parlamento nesta semana sobre sua desconfiança em relação aos serviços de segurança austríacos.

Haldenwang disse que vê "riscos consideráveis" na cooperação com a Áustria no campo da segurança, particularmente no compartilhamento de dados confidenciais, pois pode ser "mal utilizado" ou pior — acabar nas mãos dos russos. Ele não elaborou sobre o que o levou a ter essa visão.

O problema parece estar particularmente ligado ao fato de que a agência de segurança doméstica da Áustria, o Escritório para a Proteção da Constituição e Contra-Terrorismo (BVT), ser supervisionada por políticos do Partido da Liberdade (FPO), o parceiro menor na aliança de governo do chanceler Sebastian Kurz.

O ministro do Interior austríaco, Herbert Kickl, que, de acordo com o Die Welt, iniciou uma invasão policial em fevereiro de 2018 nos escritórios da BVT, durante a qual foram confiscados documentos secretos compartilhados por outros serviços de segurança europeus, é membro do FPO.

Em 2016, o FPO também cometeu um "pecado" assinando um "tratado de amizade" com o partido governista russo, o Rússia Unida. Agora, o Die Welt diz que os serviços de segurança europeus temem que seus segredos já tenham terminado com os russos, independentemente de haver ou não alguma prova.

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As agências de inteligência europeias têm dado aos serviços de segurança austríacos o ombro frio há algum tempo agora. Isso já levou a consequências negativas reais, além da percepção da "ameaça russa".

O BVT retirou-se do fórum informal de compartilhamento de informações da Europa, o Clube de Berna, após a invasão da polícia de 2018. E os outros membros do grupo têm retido informações de Viena desde então, embora as relações tenham sido formalmente restabelecidas.

Em abril, Viena disse que a situação levou os serviços de segurança a perderem de vista o terrorista Brenton Tarrant em 2018. Tarrant, um cidadão australiano, é acusado de matar 50 pessoas e ferir 49 em um ataque a duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, em março de 2019.

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