Ou seja, isso já não é mais uma surpresa, pois o campo magnético da Terra, o único campo planetário que temos boas medições, muda o tempo todo.
Entretanto, a nova informação é importante, pois essas pequenas alterações revelam detalhes ocultos do “dínamo” interno do planeta, que é o sistema que produz seu campo magnético.
Em um artigo recentemente publicado na revista Nature Astronomy, uma equipe de pesquisadores analisou dados do campo magnético coletados por quatro missões anteriores que atingiram a órbita de Júpiter (Pioneer 10, Pioneer 11, Voyager 1 e Ulysses).
Eles compararam os dados com um mapa de campo magnético do planeta elaborado pela nave espacial Juno, que efetuou a sondagem mais recente e mais completa do planeta gigante, segundo o portal Space.com.
Em 2016, Juno se aproximou de Júpiter, percorrendo a órbita do planeta de polo a polo e reunindo dados detalhados sobre a gravitação e o seu campo magnético, o que permitiu aos pesquisadores desenvolverem um modelo completo do campo magnético do planeta, além de outras teorias detalhadas sobre a maneira como é produzido.
"Encontrar algo tão minucioso quanto essas mudanças em algo tão imenso como o campo magnético de Júpiter foi um desafio", afirmou Kimee Moore, uma cientista da Juno.
A cientista também ressaltou que ter uma base de observações durante quatro décadas forneceu dados suficientes para confirmar que o campo magnético de Júpiter realmente muda o tempo todo.
Apesar de o interesse dos pesquisadores se concentrar apenas nas mudanças no campo magnético interno de Júpiter, o planeta também possui um magnetismo que surge de sua atmosfera superior, o que se torna um desafio para os cientistas.
Com isso, surge a questão de saber o que teria causado essas mudanças e o que estaria acontecendo no dínamo de Júpiter, questões que fizeram com que os pesquisadores analisassem causas diversas para as mudanças no campo magnético. Seus dados indicaram um modelo em que os ventos no interior do planeta estavam mudando seu campo magnético.
"Esses ventos se estendem da superfície do planeta até mais de 3.000 quilômetros de profundidade, onde o interior do planeta começa a mudar de gás para metal líquido altamente condutor", segundo o comunicado.
Na realidade, os pesquisadores não podem observar isso de forma profunda em Júpiter, e por isso, as medidas de profundidade são realmente estimativas. Ainda assim, os cientistas têm teorias para explicar como os ventos se comportam.
"Acredita-se que os ventos cortam os campos magnéticos, esticando e transportando eles ao redor do planeta", diz o comunicado.
"[...] Com este novo entendimento dos campos magnéticos, durante os futuros avanços científicos, começaremos a criar um mapa da variação [magnética] de Júpiter em todo o planeta", afirmou Moore.