Dólar sustenta poderio dos EUA e adversários criam soluções alternativas

Os aliados e os adversários dos EUA estão tentando evitar que Washington controle o comércio internacional ao criar seus próprios sistemas de pagamento que evitam o uso da moeda norte-americana, informa The Wall Street Jornal.
Sputnik

O comércio mundial é feito em dólares norte-americanos, o que permite aos EUA controlar qualquer mercadoria que seja importada ou exportada por alguém, onde quer que esteja.

Isso contribui também para que os adversários dos EUA sejam vulneráveis às sanções econômicas.

"Com os novos sistemas, o dólar continuará dominando no comércio internacional, mas a capacidade de Washington de impor suas políticas e aplicar sanções será reduzida", dizem os autores do artigo.

China pode causar caos global se retaliar com venda de títulos dos EUA, revela analista
O catalisador das tentativas de criação de sistemas de pagamento alternativos foi a decisão de Donald Trump de sair do acordo nuclear com o Irã e de renovar as sanções contra este país, nota o diário norte-americano.

Europa

As tentativas europeias de criar seu próprio sistema pode ser a ameaça mais séria para o domínio dos EUA, destaca o jornal.

"Quero que a Europa seja um continente soberano e não um vassalo, e isso significa contar com mecanismos de financiamento totalmente independentes", afirmou o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, em uma coletiva de imprensa no ano passado.

Os planos de evitar o dólar apareceram na Europa após os EUA terem ameaçado tomar medidas contra o Swift – o sistema com sede na Bélgica que os bancos utilizam para comunicar ente si sobre o movimento de dinheiro – se não se cortassem as transações com os bancos do Irã.

Em resposta, a Alemanha, a França e o Reino Unido decidiram criar o Instex, um mecanismo financeiro para manter relações comercias com o Irã.

Guerra comercial entre EUA e China pode custar US$ 600 bilhões à economia global
O sistema, que ainda não está operacional, se baseará no euro, a segunda moeda mais utilizada no comércio internacional. No início, ele permitirá fazer comércio com o Irã de bens que não estejam abrangidos pelas novas sanções dos EUA, como produtos de consumo e medicamentos. Isso é necessário porque as sanções norte-americanas proíbem as transações em dólares com bancos iranianos, inclusive de bens não sancionados.

Índia

A Índia também mostrou seu descontentamento a respeito das sanções contra o comércio com o Irã. Teerã é um parceiro comercial de Nova Deli já há muito tempo e os indianos também precisam do seu petróleo. Por essa razão, desde novembro ali opera um sistema alternativo. Os dados sobre o transporte de mercadorias mostram que várias empresas internacionais já o utilizam, observa o diário.

China e Rússia

China e a Rússia querem promover seus próprios sistemas que evitem o controle de Washington. Para além disso, ambos os países assinam acordos comercias em yuans e em rublos para evitar pagamentos em dólares.

Em 2013, menos de 7% do comércio entre a China e a Rússia se realizava em yuans e rublos, destaca o diário, com referência aos dados do ano passado do banco ING Groep. Em 2017, foram mais de 18%.

Será que dólar pode cair do pedestal como moeda de reversa global?
O esforço da China para desenvolver sistemas de pagamento diferentes ao do dólar é significativo porque este país asiático é a segunda maior economia do mundo, com um papel fundamental no comércio mundial, informam os autores.

O Sistema Internacional de Pagamentos da China, que entrou em vigor em 2015, é operado pelo Banco Popular da China.

Agora ele é utilizado somente para as transações em yuans e utiliza o Swift para manter comunicação sobre as transações. Contudo, muitos analistas do comércio internacional estimam que o sistema chinês irá evoluir até se transformar em um sistema que permita um comércio global baseado no yuan e sem utilização do Swift.

Comentar