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Amazônia deixa marca definitiva em fotógrafo russo com 'selva' em plena Moscou (FOTOS)

O que era o andar do forno de uma fábrica de pães soviética, fornecedora do alimento para toda Moscou, passou a ser um pedaço da Amazônia ao alcance dos russos. A exposição Amazonas, organizada por um casal desbravador russo, traz para moscovitas – e não só – uma realidade um tanto distante da vida de tribos indígenas do pulmão do mundo.
Sputnik

O que seria da Amazônia sem o rio Amazonas, que liga tribos, que une nações e que é um mistério para todos que só o conhecem de longe? A exposição Amazonas é marcada pela experiência de um casal de russos, Aleksandr Fedorov e Elena Srapyan, que passou oito meses desbravando a maior floresta tropical do mundo e conhecendo o dia a dia de tribos com muita história para contar. 

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A exposição Amazonas abrirá suas portas ao público de 9 de junho a 31 de julho, e é com certeza a melhor chance de sentir a selva que abrange vários países latino-americanos em um lugar além do Atlântico – Moscou. A Sputnik Brasil foi convidada para conferir a "selva" que está prestes a receber "desbravadores" e traz o que há de interessante.

Com fotografias, óculos de realidade virtual e som da natureza pelo ambiente, a exposição contará ainda com um tour pelas tribos que foram visitadas e o guia será nada mais, nada menos do que Aleksandr Fedorov, o fotógrafo que conseguiu captar todos os momentos que vão da Venezuela ao Brasil.

O que deveria ser uma viagem de poucos dias, acabou por se tornar "o maior projeto da vida" de Aleksandr Fedorov e Elena Srapyan. A ideia era fazer umas filmagens em uma tribo, mas o fascínio subiu à cabeça dos dois russos, que pensaram em multiplicar o contato com índios e dar grandiosidade à iniciativa um tanto arriscada.

Sem dinheiro, mas com muita força de vontade, Aleksandr e Elena viram de perto as diferenças das tribos Yanomami (Venezuela), Huaorani (Equador), Ashaninka (Peru), Ticuna (Colômbia), Pirahã (Brasil) e dos povos indígenas que vivem em Belém e Rio de Janeiro.

Recebidos, às vezes, um tanto timidamente pelos índios, e muitas outras de braços abertos, a ideia dos russos era acompanhar o dia a dia de cada tribo sem buscar estereótipos. Com português quase nulo, Aleksandr e Elena encontraram mais facilidade em tribos com espanhol mais enraizado, pois, de acordo com Elena, havia momentos que nem mesmo gestos abriam as portas para se comunicar com os índios.

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Eles viviam com os índios, passando de cinco a oito dias sem intervalo em cada tribo e comendo o que era oferecido para eles: muita farinha de mandioca e carne que era caçada pelos índios. Mesmo assim, Elena sentiu uma dependência nos índios "dos outros", que com frequência levavam comida "de fora".

Elena relembrou uma história "de comilança" envolvendo huaoranis do Equador, que eram visitados por turistas ricos, que participavam de tour de visita que dava direito a banquetes. De acordo com ela, o que não era comido pelos ricos, sobrava para os índios, e consequentemente para os russos, e "sobrava muita comida" que era recebida com festa.

Aleksandr relembra com emoção a viagem pelo rio Amazonas, com alguns momentos difíceis, por exemplo, na Venezuela atingida por crise, e pela dificuldade de se locomover, tendo muitas vezes demorado dias e até uma semana para chegar de balsa às tribos.

O fotógrafo Aleksandr destacou que a ideia surgiu em um momento apreensivo na Venezuela, e os locais visitados por eles estavam sempre intimamente ligados ao rumo que o rio Amazonas os levava. Já, no que diz respeito à política brasileira, Aleksandr se mostrou apreensivo com "o surgimento inesperado de Bolsonaro", visto que, para ele, a direita brasileira, em um país com agricultura forte, dá prioridade à distribuição de terra para plantio, não levando em consideração o que é do índio. Considerando o Brasil um país que cultua fazendeiros, Aleksandr acredita que o culto continuará.

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Correlacionando a possibilidade de desaparecimento das culturas indígenas da Amazônia, Aleksandr vê uma luz no fim do túnel para que os índios não sejam esquecidos: geração digital. "No mundo cada pessoa pode falar o que pensa e pode ser ouvido, e eu acredito que esse instrumento poderia ser dado aos índios de comunicação na esfera midiática e de blog, para eles poderem não apenas saírem às ruas ao encontro da Polícia Militar [...], mas para usarem a zona virtual" para aumento do entendimento do que é ser índio entre as pessoas que não conhecem, consequentemente entre os políticos.

Os planos de Aleksandr e Elena são grandes. Acostumados a viajar pelo mundo, eles sonham em continuar o projeto com as tribos visitadas para acompanhar o progresso dos índios que um dia os receberam, mas, se for para voltar à maior selva tropical do mundo, só com tudo planejado.

A exposição se localiza muito perto da estação de metrô Dmitrovskaya (no norte da linha cinza), na Rua Novodmitrovskaya 1, Khlebzavod №9, em Moscou. A entrada custa 300 rublos (R$ 18), e das 12h às 21h de 9 de junho a 31 de julho as portas estarão abertas para o público.

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