Crítico das 'aspirações nucleares' do Irã, Israel tem até 90 ogivas atômicas, diz relatório

Israel, que rotineiramente acusa o Irã de tentar obter armas nucleares e promete usar a força para deter Teerã, mantém seu próprio arsenal nuclear não declarado, estimado entre 80 e 90 ogivas atômicas, segundo o último relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).
Sputnik

Existem nove nações no mundo que atualmente possuem armas nucleares, disse SIPRI em seu anuário recém-divulgado sobre o estado dos armamentos e segurança internacional. O estoque mundial de armas nucleares passou de 14.465 no início do ano passado para 13.865 este ano, estima o relatório, uma vez que os EUA e a Rússia cumpriram suas promessas sob o novo Tratado START, assinado em 2010.

Israel, que mantém uma política de não confirmar nem negar a posse de armas nucleares, tem entre 80 e 90 ogivas em seu estoque, o mesmo que no ano anterior, informou o instituto.

Isso acontece porque as tensões entre o Irã, de um lado, e os EUA e o aliado regional de Israel, do outro, continuam a subir. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, tem empreendido durante anos uma campanha acusando os iranianos de terem ambições nucleares inabaláveis, independentemente das evidências, ou da falta delas.

Em 2012, Netanyahu trouxe um diagrama para uma sessão da Assembleia Geral da ONU, pretendendo mostrar o progresso do Irã na aquisição de um dispositivo nuclear, com uma linha vermelha literal desenhada nele.

Com o presidente estadunidense Donald Trump no Salão Oval, Israel dobrou a abordagem teatral, tratando o mundo de uma história alta sobre uma ousada operação de espionagem que conseguiu roubar documentos nucleares de um armazém secreto em Teerã. A apresentação pretendia provar a duplicidade de Teerã, embora especialistas apontassem que a maioria dos documentos revelados era antiga e conhecida pelos observadores do Irã.

Naquela época, o Irã reagiu dizendo que "nenhum show artístico ofuscará que Israel é o único regime em nossa região com um programa de armas nucleares 'secreto' e 'não declarado'".

O último ataque de Netanyahu ao Irã aconteceu na semana passada. O primeiro-ministro disse que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que o Irã está "acelerando seu programa nuclear", sugerindo que isso prova que Teerã representa uma ameaça.

A AIEA de fato confirmou que o Irã estava a caminho de exceder o limite de estoque de urânio estabelecido pelo acordo nuclear, exatamente como o Irã revelou que faria. Teerã disse que a medida foi em resposta à retirada dos EUA do acordo há mais de um ano, bem como ao fracasso da União Europeia (UE) em contornar as sanções americanas contra empresas que ousam fazer negócios no Irã.

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