Blefe militar? Plano do Pentágono de combater China com drones marítimos pode ser impraticável

Como uma das formas de competir com as capacidades militares da China, os EUA estão de olho na introdução em larga escala de navios de superfície robóticos.
Sputnik

A maior Marinha do mundo se sente ameaçada por Pequim, que tem avançado muito nos últimos anos, principalmente na tecnologia de mísseis antinavio, e feito grandes investimentos em seus próprios ativos navais.

Entre os planos do Pentágono para lidar com o problema está a substituição dos navios maiores por menores, além de criar dezenas de embarcações robóticas, escreve a revista Defense News.

A ideia sugerida seria o desenvolvimento de drones, que seriam mais baratos de construir e operar, já que não precisam de grandes instalações para tripulantes.

Entretanto, a missão da nova tecnologia, que ainda não foi comprovada, pode ser considerada como blefe estratégico.

De acordo com um relatório recente do Serviço de Pesquisa do Congresso, os almirantes solicitaram para pesquisa e desenvolvimento US$ 629 milhões (R$) para 2020 e querem gastar um total de US$ 4,5 (R$) bilhões nesses esforços até 2024.

Processo gradual

Na opinião do especialista Denis Fedutinov, a automatização e a introdução de drones em combate é um processo que decorre em muitas nações, mas é evolucionário, por isso se levantam dúvidas se a Marinha dos EUA conseguiria fazê-lo rapidamente.

"Obviamente, primeiro você constrói barcos relativamente pequenos para desenvolver as tecnologias e depois muda gradualmente para navios maiores sem tripulação que podem realizar uma gama maior de missões", ressaltou.

A Marinha americana pode ter sido encorajada pelos ensaios do Sea Hunter, um drone marítimo de 135 toneladas desenvolvido pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) como uma plataforma de sensores antissubmarino.

O portal The Drive informou que no início deste ano, o navio robótico conseguiu viajar de San Diego ao Havaí e voltar sozinho no início deste ano, acompanhado por uma escolta tripulada que verificava seus sistemas de vez em quando.

Quanto ao submarino experimental não tripulado Orca, da Boeing, ele ganhou um contrato com a Marinha americana este ano, com quatro navios em preparação.

"Foi um grande blefe"

Para o ex-analista de política de segurança do Pentágono, Michael Maloof, mesmo que a tecnologia para embarcações controladas remotamente ou parcialmente autônomas esteja pronta em alguns anos, haverá outras considerações.

"Antes de implantar, é preciso ter um sistema que possa contrariar qualquer meio de neutralizar [os drones], especialmente considerando que eles vão ser muito caros", comentou o especialista, complementando que os vastos orçamentos que o Departamento de Defesa dos EUA recebe hoje em dia ainda são limitados.

Um exemplo amplamente divulgado foi quando o Irã enganou o drone espião Sentinel RQ-170 dos EUA para pousar em seu território, tendo falsificado os dados do GPS, disse Maloof.

Pode-se imaginar que um cenário semelhante poderia permitir que alguém se apropriasse de um dos navios robóticos da Marinha dos EUA e tivesse acesso a toda a tecnologia nele contida.

Blefe militar? Plano do Pentágono de combater China com drones marítimos pode ser impraticável

"Eles poderiam pegar esse navio robótico e virá-lo contra nós. Suponhamos que ele estaria armado com mísseis balísticos e que estes ficam em mãos erradas. Há muitas consequências aqui que não foram abordadas", ressaltou.

"Foi um grande blefe. Ainda não temos tecnologias para isso", destacou Maloof, explicando que todos os relatos sobre a frota robótica e como a construção naval da China seria anulada por ela pode ser a encarnação moderna da Iniciativa de Defesa Estratégica.

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