De acordo com Bolsonaro, Wyllys renunciou ao seu mandato em benefício a David Miranda (PSOL-RJ), em troca de uma espécie de mesada. Miranda é marido do jornalista americano Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, que vem divulgando conversas de Moro com a Força-Tarefa da Operação Lava Jato.
"Não vi nada de anormal até agora", afirmou Bolsonaro ao defender o ex-juiz federal como "patrimônio nacional".
Dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar homofobia crime no Brasil, Bolsonaro ironizou Wyllys, chamando-o de "menina".
"Esse pessoal daquele casal né, aquele casal lá, um deles esteve detido na Inglaterra há pouco tempo por espionagem, o outro aqui tem suspeita de vender o mandato, e a outra menina, namorada de outro, que tá lá fora do Brasil. É uma trama", afirmou o presidente.
A tese da venda de mandato circula há meses nas redes sociais, sem qualquer prova. No fim de semana, um perfil anônimo surgiu e rapidamente desapareceu do Twitter, reproduzindo o que seriam "provas" de pagamentos de Miranda e Greenwald em bitcoins para Wyllys. Entretanto, a suposta prova apresentava erros grosseiros e, mesmo assim, alimentou perfis bolsonaristas.
Miranda reagiu em suas redes sociais, criticando duramente a fala de Bolsonaro.
Bolsonaro insiste na fake news estapafúrdia de que Jean me vendeu o mandato, e em seguida se refere a Jean como a "menina" que deixou o país. É vergonhoso o nível do Presidente da República.
— David Miranda (@davidmirandario) 19 de junho de 2019
Além de tudo, Bolsonaro comete o crime de homofobia, recentemente reconhecido pelo STF. pic.twitter.com/nmILTHhoRy
Também nesta semana, durante a entrevista com Moro em seu programa, o apresentador Ratinho reproduziu o mesmo boato sobre uma suposta conspiração envolvendo Wyllys. O ex-deputado, que deixou o país após seguidas ameaças, afirmou que processará o apresentador. Ele também criticou Bolsonaro por suas afirmações.
1. Numa mesma coletiva, o Presidente da República mentiu e propagou uma fake news contra @ggreenwald, @davidmirandario e contra mim, tratando como “aquela menina que está lá fora”. Parece inacreditável, mas a suposta maior autoridade do país fez isso.
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 20 de junho de 2019