Habitantes da Sicília: OTAN fora da Itália, Itália fora da OTAN

Os habitantes da Sicília continuam protestando contra o sistema MUOS da OTAN que afeta negativamente muitas esferas da vida deles e põe em risco a segurança da ilha.
Sputnik

O MUOS é um sistema militar de alta frequência e de banda estreita de comunicação por satélite que consiste de quatro satélites geoestacionários e quatro estações receptoras terrestres usado pela OTAN para assegurar a comunicação e transmitir ordens aos seus submarinos, caças e drones. Uma das estações está localizada na comuna de Niscemi, na Sicília.

Em 21 de junho, os habitantes de Catania protestaram, mais uma vez, contra a ocupação da Sicília por bases da OTAN. Mais de mil pessoas de toda a Sicília se manifestaram sob os slogans: "OTAN fora da Itália, Itália fora da OTAN", "Sicília será melhor sem MUOS e Sigonella [base militar da OTAN]" ou "Yankees Go Home".

A Sputnik Itália acompanhou a situação e conversou com os participantes.

MUOS é um centro da coordenação das forças de ataque, assim como de monitoramento da situação em terra, no mar e no ar. Em caso de guerra ele se tornaria em um quartel-general.

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"Além disso, ele é um objetivo estratégico que seria imediatamente destruído junto com toda a Sicília", afirmou Mario di Mauro, presidente do movimento independente Terra e Liberazione (Terra e Libertação).

Ele ressaltou que na ilha residem cinco milhões de habitantes.

Logo que o sistema MUOS foi instalado na Sicília, ele passou a ser motivo de protestos tanto dos habitantes de Niscemi como das autoridades locais. Na opinião deles, o sistema tem um impacto ecológico negativo, porque está instalado em uma reserva natural, e na saúde dos habitantes locais por sua radiação eletromagnética.

O movimento local "No MUOS" visa se opor à estratégia militar, segundo a qual a Sicília é considerada como uma base militar no mar Mediterrâneo.

"O movimento No MUOS é um movimento anti-imperialista porque o sistema MUOS é um instrumento de pressão militar usando pelos imperialistas para manter controle sobre a população", disse Alessandro, um representante do Partido Comunista Italiano em Palermo.

Quais são as razões principais dos protestos?

O protesto contra MUOS é necessário não só para lançar novamente a discussão sobre esse problema, mas também para que a oposição mais uma vez se manifeste contra toda a infraestrutura militar na Sicília, incluindo a instalação de antenas adicionais na base de Sigonella.

Entre as instalações, além da base militar de Sigonella, que passou a ser capital mundial dos drones, os ativistas mencionam o aeródromo militar de Trapani-Birgi e o porto militar de Augusta.

Eles destacam que o Ministério da Defesa decidiu reforçar a base do sistema MUOS sem notificar a administração de Niscemi e não tendo levado em consideração a opinião dela.

"É necessário levar a luta às ruas das cidades para anunciar seriamente a luta contra o imperialismo, capitalismo e militarismo e impulsionar novamente a discussão sobre as guerras e os migrantes, a proteção do meio ambiente e sobre os danos causados à natureza", lê-se no apelo para a manifestação.

"Estas são as razões principais dos manifestantes, que vão continuar seus desfiles pelas ruas principais desta cidade sofredora. As cidades estão no pico de uma crise econômica com um altíssimo nível de desemprego, incluindo entre os jovens, que são obrigados a emigrar. Os serviços são insuficientes, a assistência médica está longe de ser a melhor, não há emprego", diz o site oficial dos organizadores da manifestação do No MUOS.

Que papel desempenha o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA?

Os habitantes também protestam contra a presença dos fuzileiros navais dos EUA nas escolas da Sicília, que é apresentada como projetos de intercâmbio cultural ou linguístico. Os militares estadunidenses participam ativamente das aulas e dão pequenos presentes para os alunos, enquanto os professores, alunos e diretores das escolas se perfilavam para agradecer aos heróis americanos. Em uma das escolas de Catania, como sinal de agradecimento, eles cantaram o hino dos Marines americanos agitando bandeiras norte-americanas. Esse fato indignou a opinião pública.

"Nós e os colegas criamos um comitê dos professores contra o militarismo nas escolas porque [...] os fuzileiros navais assistem às aulas com armas. Isso leva a situações inadmissíveis. Nós vimos alunos, sendo menores, com armas nas mãos. Isso é absolutamente inadmissível", disse Claudia Urzì, professora e membro do sindicato dos professores.

O protesto contra MUOS que teve lugar em 21 de junho é só o início de uma série de ações contra o processo de militarização da Sicília.

De acordo com um dos organizadores dos protestos, Giacomo Cacia, planeja-se que no final das contas seja montado um campo de barracas em Niscemi perto do quartel-general do No MUOS.

As manifestações finais vão decorrer de 2 a 5 de agosto.

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