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Indústria brasileira vive na ruptura entre pessimismo e otimismo, dizem especialistas

Depois de uma breve lua de mel com o novo governo, o setor industrial vai perdendo otimismo no futuro da economia brasileira. Nem tudo está perdido, no entanto, dizem os especialistas.
Sputnik

A Sondagem da Indústria, da FGV – Fundação Getúlio Vargas, divulgou o Índice de Confiança da Indústria (ICI) do mês de junho. Seguindo a tendência mostrada no mês anterior, o ICI continua em queda. O empresariado amplia o pessimismo em relação aos próximos meses.

Em maio, houve uma queda de 0,7 ponto em relação ao fechamento de abril; em junho, recuo de 1,4 ponto em relação ao número final de maio.

Será que a indústria perdeu a esperança no futuro da economia?

​Segundo Marcelo Azevedo, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o diagnóstico de sua instituição é parecido com o da pesquisa da FGV.

"Percebemos uma leve recuperação dessa expectativa no mês de junho, mas de qualquer forma, a melhora da expectativa era muito maior no início do ano, e uma piora foi registrada [nas pesquisas da CNI] de fevereiro a maio", disse Azevedo à Sputnik Brasil.

Ele explicou que muitas expectativas do início do ano não foram atendidas, então o empresário ficou com "mais cautela". Um dos fatores seria o problema enfrentado pelo governo ao promover as reformas prometidas durante a campanha eleitoral, como a Reforma da Previdência.

"Havia uma expectativa de um tramite mais rápido dessas reformas", acrescentou o especialista.

O economista destacou que o empresário ainda não está "pessimista", mas uma "queda do otimismo" estaria em pleno andamento. "O índice [de confiança] ainda está acima da média histórica", ponderou.

​O Superintendente de Estatísticas Públicas do IBRE, da FGV, coordenador da pesquisa em pauta, Aloísio Campelo Júnior, no entanto, não teve tantas reservas de classificar de pessimista a situação da indústria nacional. Porém, assim como seu colega da CNI, ele considera que a situação política ainda pode reverter esse quadro.

"Se houver uma mudança nos próximos meses, vinda por exemplo do ambiente político, ou alguma medida que faça com que a economia acelere, eu acho que o setor pode mudar de forma relativamente rápida", destacou à Sputnik Brasil o coordenador da pesquisa do FGV.

"O país tem um grande desequilíbrio do lado fiscal, mas por outro lado as coisas estão operando normalmente. Então, se houver alguma sinalização de equilíbrio, e mais algumas medidas com a aceleração de uma agenda de crescimento, eu acho que o setor também vai reagir", acrescentou.

No momento, entretanto, o especialista afirmou que o setor "não tem uma reserva de otimismo" tão grande, quanto depois das eleições.

"O resultado de junho da sondagem da FGV mostra que o setor industrial está na margem, na ponta, nesse mês de junho, se tornando mais pessimista aos rumos da economia. Esse movimento decorre dessa combinação de um nível de atividade muito fraco do setor - no primeiro trimestre houve queda de produção, no segundo trimestre é possível uma nova queda - e do ponto de vista da expectativa, o setor não sabe quando a economia vai melhorar e as expectativas com isso se tornaram pessimistas", concluiu o interlocutor da Sputnik Brasil.

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