Na última quinta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que não assinaria nenhum acordo comercial com o Brasil se o presidente Jair Bolsonaro se retirasse do acordo climático de Paris, ameaçando colocar uma trava nas negociações comerciais UE-Mercosul.
Ao comentar as pressões feitas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, contra o Brasil, a professora de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maria Beatriz de Albuquerque David, disse à Sputnik Brasil que a Europa sempre coloca a questão ambiental como prioritária nas negociações.
"Essa era uma condição sine qua non para a Europa. Não só para a França, que colocou isso mais claro, mas a Alemanha e a Noruega já tinham dito claramente que as questões ambientais eram centrais", observou.
A Europa em relação ao Brasil privilegia a questão ambiental como central nas suas negociações. Então firmar um acordo entre Mercosul e a União Europeia vai vir com todas as questões ambientais que se possa pensar. Isso não significa o relaxamento de nenhuma causa ambiental", acrescentou a especialista.
A professora de Economia, que, por parte da ONU, chegou a participar de uma fase da discussão do acordo nos anos 1998 a 2002, afirmou que o acordo é positivo para ambas as partes.
"Eu acho que tem vantagens para ambas as partes. A União Europeia queria o acordo para ter mais espaço em termos de produtos industrializados e os países do Mercosul queriam um tratamento melhor com os produtos que eles são mais competitivos", disse.
De acordo com ela, é uma boa notícia que ele tenha saído, principalmente porque o Brasil hoje não considera o Mercosul um ponto importante no seu comércio.
A especialista destacou também que o acordo é positivo inclusive por comprometer o Brasil com uma relação internacional mais aberta, ao invés de "simplesmente privilegiar uma relação com os EUA".