A nota postada na tarde desta terça-feira afirma que o objetivo do pedido da PF – corporação equivalente ao FBI e que é subordinada ao ministro Sergio Moro – é verificar qualquer movimentação suspeita que possa estar relacionada à invasão de celulares de integrantes da Operação Lava Jato.
Ainda de acordo com O Antagonista, Greenwald só será investigado em caso de existir algum indício que ele possa ter participação no que a página chama de "serviço criminoso" por encomenda.
A publicação da nota gerou reações. Em sua página no Twitter, Greenwald declarou que a ação da PF, se confirmada, estaria configurada como "abuso de poder". Em uma mensagem direta a Moro pela rede social, o jornalista do The Intercept Brasil sugeriu que ele "investigue tudo o que quiser".
Como eu disse desde o início - tanto no caso Snowden quanto no caso Moro LJ -, nenhuma intimidação ou ameaça interromperá as reportagens. Ameaças do estado só servem para expor seu verdadeiro rosto: abuso do poder - e por que eles precisam de transparência de uma imprensa livre.
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 2 de julho de 2019
Você, @SF_Moro, vai e "investiga" tudo o que quiser. Grupos de liberdade de imprensa em todo o mundo terão muito a dizer sobre isso. Enquanto você usa táticas tirânicas, eu continuarei reportando junto com muitos outros jornalistas de muitos outros jornais e revistas.
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 2 de julho de 2019
Presente nesta terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Moro não respondeu se a PF está mesmo investigando as finanças de Greenwald. Ele voltou a questionar a veracidade do conteúdo e declarou apenas que essa e outras perguntas devem ser feitas "ao órgão certo".
Entretanto, em outro momento da audiência com os deputados, o ministro da Justiça afirmou que, na sua opinião, "alguém com muitos recursos está por trás dessas invasões", reforçando uma narrativa de que a invasão de celulares é o que alimenta a série de reportagens que o The Intercept Brasil vem fazendo acerca de supostos diálogos entre ele e procuradores da Lava Jato.
Já Greenwald garante que o conteúdo dos vazamentos não são obra de um ataque de hackers a celulares, preferindo evocar o direito de sigilo à fonte, previsto na Constituição Federal.
Em entrevista à Sputnik Brasil na segunda-feira, a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga, avaliou que as ameaças que Greenwald vêm sofrendo podem ser classificadas como um atentado à liberdade de imprensa no Brasil.