Com este passo simbólico Trump marcou uma nova fase nas relações entre os dois países, contudo, as partes não se apressam porque ainda existe certo nível de desconfiança.
Segundo enfatizou o líder norte-americano, a velocidade para assinar um acordo não é o prioritário, porque as partes querem ver se podem fazer um acordo "realmente completo". Se os EUA não têm pressa com o processo de desnuclearização, a Coreia do Norte tem ainda mais razões para não o fazer.
Não poderá haver uma desnuclearização completa da Coreia do Norte antes das eleições presidenciais nos EUA, disse em entrevista à Sputnik Mundo o analista da Academia de Ciências da Rússia de origem coreana Evgeni Kim.
"Eu o convidaria agora mesmo para a Casa Branca", disse o presidente dos EUA, Trump, depois de entrar na Coreia do Norte com Kim Jong-un.
O processo irá realizar-se gradualmente e começará com o desmantelamento da infraestrutura relacionada com o programa nuclear norte-coreano, acrescentou o especialista.
Esta condição – primeiro as eleições, depois a desnuclearização – é muito importante e significa muito para a sobrevivência do governo de Kim, salientou Evgeni Kim. Existe uma possibilidade tangível de que outra pessoa chegue ao escritório do presidente dos EUA e decida quebrar todos os acordos com Pyongyang, o mesmo que acontece agora entre Washington e Teerã.
"Neste caso a Coreia do Norte faria uma coisa ridícula: ficaria sem armas nucleares e sem acordo. Pyongyang irá agir com precaução e esperará pela realização das próximas eleições presidenciais. A Coreia do Norte deve ter cuidado tendo em mente o exemplo do Iraque e da Líbia, que mostraram sua fraqueza e foram logo destruídos", afirmou Evgeni Kim.
Seguramente que a Coreia do Norte contará com garantias de segurança, mas ao mesmo tempo é certo que a desnuclearização completa não acontecerá durante o mandato atual de Donald Trump, enfatizou o especialista. O êxito do processo também requer uma mudança da posição dos EUA respetivamente à península coreana e à Ásia Oriental em geral.
Uma estratégia bem-pensada de Trump
Donald Trump pode agora dizer que ele foi o primeiro presidente em exercício dos EUA a ter pisado território da Coreia no Norte, e ele pode jogar essa cartada nas próximas eleições presidenciais de 2020.
Para além disso, pode-se concluir que a recente reunião preparou o terreno para a próxima cúpula entre Kim e Trump. Neste sentido, é evidente que o encontro Trump-Kim foi muito frutífero para a parte norte-americana.
A decisão de Trump de fazer uma reunião com Kim Jong-un logo a seguir à cúpula do G20, que decorreu em Osaka no Japão, apanhou a todos desprevenidos. Inclusive, ao que parece, o próprio líder da Coreia do Norte. Entretanto, o especialista da Academia de Ciências assegura que a reunião teria sido planejada com antecedência.
"Inicialmente Trump tinha dito que queria reunir-se com Kim para lhe dizer "olá" e mais nada. Estava previsto que a conversa deles durasse 15 minutos, mas na realidade Trump e Kim estiveram 53 minutos conversando, o que é suficiente para uma reunião entre dois líderes", destacou o especialista.
Os líderes concordaram em criar grupos de negociações que começarão a trabalhar nos assuntos que preocupam tanto Kim como Trump. Começarão a discutir estes temas para aproximar os pontos de vista dos dois países.
Trump afirmou que iria atenuar as sanções, embora de momento não as irá anular completamente.
A China e a Rússia defendem a abolição das sanções à medida que Pyongyang se livra do seu arsenal nuclear.