Guaidó chama Maduro de 'ditador' em meio a discurso de reconciliação na Venezuela

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, apelou durante seu discurso à reconciliação e conversações com a oposição apoiada pelos EUA, que tem tentado repetidamente destituí-lo.
Sputnik

"Há espaço para todos nós dentro da Venezuela", disse Maduro durante seu discurso do Dia da Independência na sexta-feira (5) para um grupo de altos oficiais militares em Caracas.

"Todos nós devemos desistir de algo para chegarmos a um acordo", afirmou o líder bolivariano ao pretender retomar conversações mediadas com o líder da oposição Juan Guaidó, que se declarou presidente em janeiro com o apoio de Washington.

Aproveitando a oportunidade para criticar o governo de Maduro, Guaidó realizou um comício no Dia da Independência no qual ele instruiu os apoiadores a marcharem até ao quartel-general da contraespionagem militar, que é o local da suposta tortura do ex-capitão naval Rafael Acosta.

Essa foi sua primeira grande manifestação pública desde a tentativa fracassada de golpe de Estado em 30 de abril, na qual ele previa deserção militar em massa, mas que não se concretizou.

"Não há mais nenhum eufemismo válido para caracterizar este regime, além de ditadura. A sistemática violação dos direitos humanos, a repressão, a tortura [...] isso está claramente identificado no relatório [da ONU]", declarou Guaidó a repórteres na sexta-feira (5).

O referido relatório da diretora de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, foi criticado pelo governo por seu enfoque "seletivo" em "supostas execuções extrajudiciais pelas forças de segurança" e se desviou significativamente do tom dos comentários que Bachelet fez a Maduro em junho, sugerindo que ela entendia o papel central que as sanções norte-americanas tinham desempenhado na criação do desastre econômico da Venezuela.

Em Oslo, representantes de Maduro e Guaidó se reuniram várias vezes para discutir uma possível saída para as crises econômica e política da Venezuela, embora suas atitudes em relação às negociações sejam muito diferentes.

Guaidó chama Maduro de 'ditador' em meio a discurso de reconciliação na Venezuela

Enquanto Guaidó e o Departamento de Estado norte-americano têm insistido que a única solução possível é retirar o líder socialista, Maduro declarou no início desta semana que as duas partes chegariam a um "grande acordo sobre entendimento mútuo e paz, diálogo e democracia para a Venezuela" até o final do ano.

Caso Rafael Acosta

A última rodada de negociações em Oslo, na Noruega, foi cancelada após a morte do ex-capitão naval Rafael Acosta na prisão uma semana depois que ele foi preso sob acusação de traição por suposta conspiração para derrubar Maduro.

Enquanto a oposição alega que Acosta foi torturado sob custódia, o comandante venezuelano Remigio Ceballos declarou, sem nomeá-lo, que os militares "lamentam os eventos relacionados à perda do oficial naval aposentado" e disseram que o governo estava investigando o que levou à morte de Acosta.

Seis meses após autoproclamação de Guaidó

A Venezuela está passando por uma crise político-econômica que se intensificou em janeiro, depois que Guaidó proclamou-se presidente interino em uma tentativa de expulsar Maduro.

O líder oposicionista foi reconhecido pelos Estados Unidos, que passaram a impor sanções à Venezuela e a congelar bilhões de dólares em ativos venezuelanos.

A Rússia, que reconhece Maduro como o único presidente legítimo da Venezuela, disse que os Estados Unidos estão estrangulando o país com sanções, em uma tentativa de arrastá-lo ao caos.

Maduro chamou Guaidó de "fantoche dos EUA" e acusou os norte-americanos de orquestrarem um golpe na Venezuela para forçar uma mudança de governo e reivindicar os vastos recursos naturais do país.

Comentar