Além de uma eventual candidatura de Bolsonaro, especula-se também que ele poderia negociar a vaga de vice-presidente com setores da bancada evangélica ou com outro partido.
Ao ser perguntado sobre essa possibilidade nesta segunda-feira (15), o vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão, disse que não vê “problema nenhum” se o presidente Jair Bolsonaro escolher um outro vice para montar uma chapa para tentar a reeleição daqui três anos.
“O presidente já manifestou o desejo de reeleição e se ele quiser que eu continue ao lado dele, ótimo, mas se não quiser e precisar de uma outra pessoa para fazer uma composição distinta de chapa, para mim não há problema nenhum. Estou aqui para servir ao Brasil e o governo do presidente”, disse Mourão.
Para Ricardo Ismael, cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), as declarações de Bolsonaro sobre a possibilidade de disputar a reeleição é uma jogada contra Sergio Moro, ex juiz da Operação Lava Jato e atual ministro da Justiça e Segurança Pública.
"Há um quadro que o Mourão está mais calado, isso ajuda na sua relação com o presidente e por outro a ideia da reeleição, embora esteja muito distante, talvez é para não estimular a candidatura do Sergio Moro", afirmou à Sputnik Brasil.
Ismael também diz que disputando a reeleição, ele mantém sua base de apoio coesa.
"A rigor, as forças políticas que apoiaram o Bolsonaro, e isso mostrou-se dentro do governo, elas são muito divididas. Você tem Olavistas [discípulos Olavo de Carvalho] contra os militares, grupos mais conservadores e evangélicos. Também há uma divisão dentro do próprio PSL, partido do Bolsonaro, então talvez a ideia do Bolsonaro dar o tom da agenda e até mesmo falar da eleição é tentar garantir alguma coesão nessas forças políticas", disse.
Ricardo Ismael não enxerga a declaração de Mourão como um indicativo de desentendimento entre o vice-presidente e Bolsonaro.
"Diria que isso é uma declaração absolutamente serena, madura e evidente é o que acontece. Nem sempre a aliança que garantiu o primeiro mandato pode ser mantida na segunda eleição. Até porque o presidente vai estabelecendo novas articulações no Congresso e na própria sociedade que pode resultar em uma mudança na chapa", completou.