Presidente do Equador usa Assange para obter 'proteção dos EUA', diz ex-chanceler

O presidente do Equador, Lenín Moreno, busca se tornar o "melhor amigo dos Estados Unidos" acusando o ciberativista Julian Assange de espionagem, disse o ex-chanceler equatoriano Guillaume Long à Sputnik Mundo.
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Segundo as palavras de Long, dessa forma Moreno poderá se refugiar nos EUA país quando tiver que enfrentar a Justiça após acusações de corrupção.

"Moreno tem duas razões para perseguir Assange. A primeira é ser o melhor amigo dos EUA e precisa da sua ajuda, porque não tem apoio popular [...]. A segunda é porque ele está enfrentando acusações de corrupção muito sérias [...] e é por isso que ele tenta negociar com os EUA um refúgio para que, quando deixar de ser presidente, não tenha que enfrentar a Justiça equatoriana", disse Long em entrevista à Sputnik Mundo.

Moreno sofreu denúncias de corrupção ligadas à empresa INA Investment Corporation.

O caso surgiu em fevereiro deste ano, quando a reportagem "O labirinto offshore do círculo presidencial" foi publicada no portal La Fuente.

O deputado Ronny Aleaga, do partido Cidadão Revolucionário, que apoia o ex-presidente Rafael Correa, usou a reportagem e apresentou documentos ao Ministério Público Anticorrupção em 24 de fevereiro, acusando Moreno de adquirir um apartamento graças a subornos recebidos quando era vice-presidente de Correa.

"Há indícios suficientes de um aumento de capital injustificado do atual presidente do Equador, Lenín Moreno, que são especificados na aquisição de uma propriedade de luxo em uma das áreas mais exclusivas da Espanha, localizada em Villajoyosa, através de empresas de fachada em paraísos fiscais", disse o deputado Aleaga.

Já o ex-chanceler Long, que também foi ministro da Cultura, Patrimônio e também de Conhecimento e Talento Humano, disse à Sputnik Mundo que Moreno faz acusações contra Assange por questões "pessoais" e "vingança", desde que o site WikiLeaks fez vazamentos que o afetavam, semanas antes de Assange ser expulso da embaixada equatoriana, em Londres.

Long também sugere que, uma vez fora da Presidência, Moreno ficará vulnerável a essas ações, portanto negocia uma saída com os EUA.

"Segundo as pesquisas, Correa é o favorito. Se ele se apresentar como candidato é provável que ganhe. Então, por enquanto, o pacto de Moreno com a direita segue de pé porque têm um objetivo de perseguir Correa. [...] Obviamente o tema de Assange é uma forma de pagar o favor que os EUA darão a ele", acrescentou.

Em abril, Moreno afirmou que as acusações apresentadas contra ele são parte de uma campanha de descrédito sobre sua imagem lançada por aliados de Rafael Correa.

Uma pesquisa realizada pela empresa Perfiles de Opinión, em 21 de junho, revelou que a popularidade de Moreno é a mais baixa da história presidencial do Equador. Os dados da empresa apontam que sua credibilidade é de 16,45%.

O ativista e líder do Wiki Leaks, Julian Assange, teve seu asilo revogado por Moreno em 11 de abril. Assange segue preso no Reino Unido e já foi condenado nos EUA, além de enfrentar um processo na Suécia.

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