Em entrevista a Sputnik China o especialista do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais da Universidade de Nanquim (China), analisou a situação da Huawei pós imposição de sanções norte-americanas.
"Eu suponho que as sanções dos EUA em relação à Huawei possam ter um determinado efeito. Mas considerando o fato que o mercado norte-americano não é primordial para a companhia, os efeitos das sanções a curto prazo serão muito limitados", disse à Sputnik China Gong Honglie, especialista do Instituto de Pesquisas das Relações Internacionais da Universidade de Nanquim.
As sanções não afundaram a Huawei. No primeiro semestre de 2019, a empresa registrou crescimento de 23% em sua receita, um resultado mais rápido que no ano anterior. Além disso, as vendas de seus smartphones aumentaram 31% na China.
"A Huawei se preparou para as sanções. Mesmo que os EUA tenham parado de fornecer componentes à empresa, isto não irá prejudicar sua atual atividade operacional. Isso inclusive é visto nos dados das estatísticas", afirma o especialista.
Desta forma, a gigante chinesa ocupa 38% do mercado interno de smartphones, mais do que qualquer outro concorrente.
Em grande parte, o sucesso da fabricante é explicado pelo forte sentimento patriótico dos chineses, os quais abdicaram de comprar prestigiosos modelos do iPhone para defender a marca nacional.
No mês de maio, o Departamento do Comércio dos EUA incluiu a Huawei em sua lista negra, em meio à guerra comercial com a China.
Produtores americanos de componentes e software para smartphones ficaram impedidos de fornecer seus produtos à Huawei.
Usuários de novos smartphones da empresa não poderão usar serviços como Google Play, Gmail e outros aplicativos.
O presidente da empresa, Ren Zhengfei, disse em junho que as sanções poderiam trazer um prejuízo de 30 bilhões de dólares à empresa, principalmente no mercado internacional.
"No entanto, se as sanções forem de longo prazo isso não será bom para Huawei. Estimular o mercado interno é algo possível apenas durante algum tempo. Mas o mercado de consumo é muito maduro. Por isso, as perspectivas da Huawei em geral dependerão da qualidade de seus produtos," disse Honglie.
É um fato que a empresa depende de componentes importados. No entanto, em caso de impossibilidade de receber tecnologia dos EUA, a empresa poderá contar com a ajuda do governo e aumentar seus gastos em pesquisa e desenvolvimento, os quais já atingem 15 bilhões de dólares.
Com isso, a empresa logrará maior qualidade para seus produtos e se tornará menos dependente da tecnologia norte-americana, o que também trará perdas bilionárias aos EUA.