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Brasil perde do ponto de vista geopolítico ao virar aliado prioritário da OTAN, diz especialista

Os Estados Unidos designaram oficialmente o Brasil nesta quarta-feira (31) o Brasil como um aliado prioritário extra-OTAN, cumprindo a promessa feita por Donald Trump ao presidente Jair Bolsonaro em março.
Sputnik

O ato aproxima os dois países militarmente e facilita a aquisição de armas pelo Brasil. Somente a Argentina tinha esse título anteriormente na América Latina. Ao todo, 17 países receberam essa classificação do governo norte-americano.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Roberto Godoy, jornalista especializado em assuntos militares, disse que há vantagens em ser classificado dessa maneira pelo governo dos EUA.

Godoy explicou que ao se tornar um aliado prioritário extra-OTAN, o Brasil consegue virar um comprador preferencial de equipamentos e tecnologia militares dos EUA, participar de leilões organizados pelo Pentágono para vender produtos militares, bem como ganhar prioridade para promover treinamentos militares com as Forças Armadas norte-americanas.

"Um parceiro extra-OTAN do ponto de vista da defesa tem caminhos encurtados para qualquer solicitação, diminui a burocracia", disse Godoy à Sputnik Brasil.

Por outro lado, o jornalista disse que ao receber o status de aliado prioritário extra-OTAN e se alinhar à política externa dos Estados Unidos, o Brasil deixa os Estados Unidos serem influentes no Atlântico Sul.

"Do ponto de vista estritamente geopolítico eu vejo um problema aí. A gente não pode esquecer que a OTAN já há pelo menos 15 anos, talvez mais, vem defendendo a expansão da OTAN para o Atlântico Sul. Essa ideia foi torpedeada pela posição brasileira em 2010 em um encontro da OTAN em Lisboa", disse Marcelo Godoy.

"O então ministro da Defesa disse que o Atlântico Sul é um assunto não apenas dos americanos do Sul, mas é uma área estratégica do Brasil e que, portanto, não se fala em outro tipo de situação", complementou o jornalista.

A OTAN foi fundada em 1949, logo no início da Guerra Fria, como um pacto militar dos países alinhados com os Estados Unidos. Hoje em dia ela conta com 29 países e garante o princípio da defesa coletiva, ou seja, um eventual ataque a um ou mais países-membros do grupo será encarado como uma agressão a todos os demais integrantes.

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