Na semana passada, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, cancelou, em cima da hora, uma audiência com chanceler francês Jean-Yves Le Drian. Bolsonaro afirmou ter outros compromissos urgentes, mas realizou uma live cortando o cabelo durante o horário planejado para o encontro.
Antes, o presidente teria criticado a agenda do ministro francês, por realizar reuniões com a sociedade civil e ONGs. Esse seria o verdadeiro motivo do cancelamento da reunião.
Apesar do Ministério das Relações Exteriores da França ter se negado a comentar o ocorrido, a mídia francesa noticiou o fato e alguns comentaristas consideraram que Bolsonaro teria "humilhado" a autoridade europeia.
Neste domingo, no entanto, o próprio Le Drian, em entrevista ao Journal du Dimanche, comentou o incidente e ironizou o presidente brasileiro.
“Todo mundo conhece as restrições que acompanham as agendas dos chefes de Estado. Então, obviamente, houve uma emergência capilar. Essa é uma preocupação que é estranha para mim", disse o ministro.
"Eu tive conversas com minha contraparte, com a sociedade civil brasileira, particularmente com ONGs, mas também com a sociedade civil econômica. Também falei com os governadores de vários Estados. Esse é o interesse da França, falar ao Brasil, a todos os Brasis ", acrescentou Le Drian.
Apesar da alfinetada em Bolsonaro, o ministro pontuou que o Brasil é um dos principais parceiros da França na América Latina e que os laços bilaterais continuam fortes.
“Nós temos um relacionamento bilateral muito forte. Temos tantos investimentos franceses no Brasil quanto na China. Quase mil empresas francesas estão presentes no Brasil”, concluiu Le Drian.